segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Curtas pra curtir e refletir (Festival de curtas sobre os direitos humanos Entretodos, III Edição

O festival começa com o curta de Daniel Ribeiro o “Eu não quero voltar sozinho”. A história se foca na relação juvenil de três adolescentes, um deles cego que começa a experimentar, ainda que com as privações sensoriais da visão, o amor e a descoberta de sua homossexualidade. Sempre dependente de uma companhia para ir e vir, o garoto começa e demonstrar interesse por seu colega que o ajuda nas tarefas escolares e nos estudos fora da escola. O curta é agradável, sem grandes conflitos e a garota que acompanha o menino deficiente compreende a paixão que se desperta. Sem usar de uma linguagem muito sofisticada e com boa filmagem a película cumpre o seu papel e dá o seu recado.

A seguir é apresentado ao público da sala apertada, mas aconchegante, o trabalho do diretor pernambucano Chico Lacerda. “A Banda” começa sem áudio, e dessa forma vai se estendendo até quase o final da exibição. Imagens captadas nas ruas de Recife deixam o expectador sem saber que tipo de manifestação acontecia até que algumas imagens começam a deixar pistas de que se tratava de uma passeata da Parada do Orgulho Gay da capital pernambucana. Tornou-se, entretanto muito exaustiva a empreitada de ficar no jogo do “esconde-esconde” por parte do diretor, pois os presentes começaram a bocejar devido a ausência de sons e as imagens dos passantes ficavam intermitentes entre a certeza e a dúvida. Talvez Chico tenta tentado colocar uma discussão acerca dos estereótipos do que é ser gay e o que é ser heterossexual. Mas cansou e irritou e todos suspiraram aliviados ao término da exibição, intercalando o ato com xingamentos acerca da qualidade do trabalho, talvez mal compreendido por utilizar-se de uma câmera comum sem grandes recursos.

A Casa dos Mortos de Débora Diniz foi o ponto alto da exibição de curtas. Seus 20 minutos causaram perplexidade em mim e em todos os presentes por adentrar no mundo dos manicômios presidiários. Filmado na Bahia, a vida de vários homens se confunde na razão de estarem ali pelo fato de alguns estarem bem próximos do estado do que se pode chamar de racional. Outros, no entanto, estão ali por razões mais do que óbvias. Sem a visita de parentes, que já os abandonaram por não saber lidar com o estado mental dos seus presos, fica evidente que a vida dentro desses espaços já não pertence mais aos seus corpos. O estado de morte em vida impressiona e causa choque quando um dos presidiários não consegue nem sequer tomar mais os remédios. Outro ainda com a loucura mostra como foi suicídio de um dos habitantes do luglar. Fazer analogias nos permite aproximar estes homens dos usuários avançados de crack que habitam as ruas de São Paulo, por exemplo. É um trabalho grandioso que merecia um longa metragem documental e que com certeza seria aplaudido nos festivais de cinema. Débora Diniz foi direto ao ponto e explorou bem o seu tema.

Outra apresentação de destaque foi o curta de THEREZA JESSOUROUN. Dois mundos fala, alias não fala, pois revela a identidade (sem metáforas) de surdos mudos que tentam levar uma vida normal, até mesmo onde o sentido que lhes foi privado seria mais do que necessário para a percepção de mundo. Novamente um exemplo inclusivo, pois seus protagonistas revelam não só ser a surdez o motivo de sofrerem preconceito. Alguns são homossexuais, de classe média baixa e sem grandes perspectivas. O relato de um rapaz freqüentador de uma casa GLBT do Rio de Janeiro expõe seu lado sensorial imputado, mas que pode ser sentido nos “beats” da música eletrônica quando exibido dançando como qualquer pessoa normal. Outro rapaz que usa aparelho para audição, mostra com os efeitos da pós-produção do curta, como é o mundo sem e com o aparelho que já virou uma extensão de seu corpo. E por fim uma jovem que aprendeu a falar e que simboliza as limitações de uma fala imprecisa por parte de quem não nasceu ouvindo e falando. Também outro tema interessante e que renderia um bom material audiovisual.

Cecília Engels fecha a exibição com a história de dois homossexuais que querem ter um filho. O começo da história de “Um Par A Outro” revela um fim de noite de balada com dois homens e uma mulher entrando num apartamento visivelmente alegres (pelo uso de alguma substância que não entra em questão na película da diretora) e que acabam por fazem sexo juntos. A mulher fica grávida e um dos homens, que é companheiro afetivo do outro, se coloca como contra o aborto e ela se vê na indecisão do que fazer diante do fato. Sem grandes, mistérios o casal chega a um consenso de que quer manter e criar a nova vida, ainda em formação. Passou pela exibição de curtas sem deixar nenhum rastro de discussão por parte dos espectadores, mas não decepcionou. Talvez com alguns elementos na história sem precisar alongar demais sua exibição, tornaria a narrativa mais interessante e chamaria para a discussão sobre adoção de crianças por casais homoafetivos. Espero no próximo festival ter a uma outra visão da produção de curtas metragens no Brasil, pois desse ainda ficou a desejar um local para exibição melhor, bem como uma seleção de filmes mais bem produzidos, tanto por parte do roteiro, quanto de suas técnicas e linguagem cinematográfica.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Deviance


O texto de André Lemos, sociólogo e professor da Universidade Federal da Bahia, traz uma atual reflexão sobre a comunicação na era digital, traça um perfil de todos conectados aos computadores e expõe as origens de todo esse mundo cibernético, sendo estas anteriores até mesmo ao “boom” da informática. O exemplo do filme Blade Runner, de Ridley Scott cai como uma luva na análise do autor.

A atual geração clama por liberdade de expressão sem controle e sem limites e por um espaço livre para criação e propagação das idéias. O Hacking, dentro da cibercultura tenta quebrar sua imagem negativa ao defender a posição de que não são criminosos os que o praticam, apenas estes desejando levar adiante a idéia de que qualquer informação pode ser acessada e que hão há mais fronteiras na era digital. Essa geração não é nostáligica nem mesmo futurista, apenas parodia o presente. Também vive de forma hedonista e até mesmo naturalista.

Lemos vai mais fundo nas questões sobre esse universo ao expor três conceitos que norteiam a cultura da era digital: o de desvio, apropriação e despesa improdutiva.

O primeiro prega o um deslocamento na lógica e no consumo das informações e também que o combate a spams trata-se de um ativismo, importante para esse tipo de pensamento; não se tratando de uma patologia mas também não é a normalidade.

Todos os grupos sociais precisam criar suas próprias regras a fim de poder se encaixar na deviance (desvio). É importante lembrar que esse pensamento compartilha do anarquismo em essência e que na década de 70 serviu de suporte para o crescimento da atitude punk na Inglaterra, se propagando pela disseminação do “faça você mesmo” por todo mundo.

O excesso de informações (despesa improdutiva) é benéfico para a sociedade, segundo o texto, pois contesta o produtivismo capitalista que só visa o lucro sem desperdícios. É no excesso que garantimos a vida e vai nos salvar da racionalidade excessiva. Abro um parênteses nesse ponto ao observar pelo meu olhar crítico demais que intelectuai(lóide)s combatentes fervorosos do exagero, que o fato de que sua inteligência também se fez pelo excesso de informações, sendo a maiorias destas de forma passiva, diferente da nossa geração atual ativamente participante da construção e manipulação das mensagens.

E por fim a apropriação das idéias, dos signos e das informações por meio das colagens, remixes, edições e pirataria. Concordando com a máxima de que nada se cria, tudo se copia ou se recicla, os signos da informação vão de um lugar ao outro, de uma comunidade virtual aos blogs transportados por quem (em tese) indevidamente se apropriou destes, transformando uma informação importante e essencial para sociedade em chacota e vice-versa. Talvez esta seja a maior paródia do presente.

André Lemos foi certeiro em suas colocações e talvez inconsciente disso, tenha se apropriado de forma mais do que devida das idéias de grandes pensadores para construir uma grande teia – esta metafísica como o próprio pensamento humano – e conectar nela todos os elementos componentes do mundo virtual e estes são meros refletores do nosso contato real.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Era pra ser democrático, mas é demoníaco!

Um e-mail corrente que circula pela central onde eu trabalho, chega a minha caixa hoje. Vários destinatários são colegas do escritório.


From: alguem@hotmail.com
Subject: Podemos evitar...
Date: Tue, 26 Oct 2010 09:55:39 -0200

Olá a todos.
O filme intitulado 'Corpus Christis' (O Corpo de Cristo),que vai sair em breve na América do Norte, mostra Jesus mantendo relações homossexuais com os seus discípulos. A versão teatral já se apresentou. É uma paródia repugnante de Jesus. Uma ação concentrada da nossa parte poderia mudar as coisas. Você aceita juntar o seu nome no fim da lista? Em caso afirmativo, poderíamos evitar a projeção deste filme no Brasil e até em outros paises. Este filme nega a verdade da Palavra de Deus.

PRECISAMOS DE MUITOS NOMES em adesão a esta proposta para evitar a exibição do filme.
Na Bíblia está escrito: "Quem me confessar diante dos Homens, Eu o confessarei Diante de meu Pai, que está nos Céus."(Mt 10.32). "Mas aquele que me negar diante dos homens, também eu o negarei diante de meu Pai que está nos céus."(Mt 10.33)

Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é;Levítico 18:22

POR FAVOR: Não faça 'ENCAMINHAR' desta mensagem, mas sim:
SELECIONE TODO O CORPO DA MENSAGEM (INCLUINDO A LISTA DE NOMES), COPIE (Ctrl+C) e COLE (Ctrl+V) numa Mensagem Nova.

Depois, acrescente o seu nome no fim da lista e envie-o a todos os seus amigos.

São apenas 2 minutos para algo tão importante.
Quando a lista chegar aos 750 nomes, envie-a a: alguem@softhome.net
MARIA MIGUEL JOSÉ


A fim de preservar as indentidades da pessoa e a organização que esta representa, mudei os nomes.

AGORA A MINHA RESPOSTA QUE FOI ENVIADA PARA TODO O GRUPO:

Não vou juntar o meu nome ao fim da lista porque acho ridícula qualquer forma de cessar a liberdade de expressão que é um princípio básico de qualquer país do mundo que se diz democrático. Essa lista em si é repugnante e uma afronta à inteligência humana. Além de preconceitousa a lista fere as liberdades individuais e subestima a inteligência do expectador imputando seu poder de manifestar-se de forma a aprovar ou não tal conteúdo.

O Estado é laico e só quem compactua com pensamentos semelhantes à de países onde mulheres são mortas apedrejadas, onde jornalistas são presos e emissoras de TV fecham á subordinação de governos omissos para com os direitos humanos, vão ser coniventes com esse tipo de protesto.

Desde já lanço minha repugnância à esse tipo de cessão à liberdade e aos princípios básicos de qualquer País que um dia pretende se chamar desenvolvido.

Antonio Nascimento - Suporte Técnico

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

A quem você serve?


“A renúncia e a resignação são a fonte de sua desgraça” – Jean François Brient...

Esta afirmação seria o suficiente para definir o documentário “A Servidão Moderna” (De la Servitude Moderne, do título em francês), mas a frase tão contundente é tão vaga diante das imagens e do discurso que as acompanham.

A crítica à uma sociedade inerte perante sua dominação não poupa toda a estrutura social que nos envolve e nem as tentativas de romper com esse sistema - são estas falhas ou conduzem ao caos. É proposto então uma discussão e em tom vocativo, “A Servidão...” nos convida para debater sobre um futuro pessimista. Jean e Victor León Fuentes não falam de flores.

Por não pouparem ninguém em absoluto, todas as camadas dominantes de cada uma das sociedades do mundo globalizado impõem por sua ideologia e seu discurso, seu poder e colocam quem as serve como subordinados. A relação de quem manda e quem obedece é antagônica ao modelo democrático da propaganda e da “palavra de ordem” do mundo ocidental que tenta vender um modelo “respeitador” das individualidades. Vende-se uma unificação de valores que todos compram a peso de ouro quando recebe-se para conquistá-lo uma recompensa inversamente proporcional diante do suor e do máximo esforço. Valores estes mascarados de universais e da imagem “positiva” de que o mundo está ficando cada vez menor.

Aliada a toda essa convenção, está uma sociedade de consumo utilizando-se pela propaganda um modelo de sucesso imposto sob alienação e que todos que querem dizer-se felizes devem aceitar e seguir. A própria colocação da felicidade como “não subjetiva” já desrespeita o princípio de sermos diferentes em essência; não desiguais, porém.

Religiões e crenças completam esse quadro negativo por junção a política ou por assumir o papel desta nas regiões da Terra onde não existe um estado laico. Independentemente de um modelo ou de outro a estrutura de dominação pelo discurso e a imagem de um líder e de total obediência e doutrina a este alimenta cada vez mais a inércia de quem tem medo da ruptura.

O documentário também deixa bem claro a inutilidade da crítica por crítica e seu papel de divisor das camadas sociais por fazer por confronto – na maior das vezes travestido de luta – em vez do debate das idéias, a união e a convergência que contesta o conformismo e a dominação. Há também um alerta de conseqüências catastróficas do poder vigilante e consciente da presença de uma militância, que por punhos e não com o cérebro, quer tomar o seu lugar. Essa neo-esquerda leva o mesmo tapa na cara que a direita e em companhia destas, os que se dizem “sem partido”.

O tom da película é sóbrio e introspectivo. A trilha de fundo alcança quase que hipnoticamente o objetivo de pegar pelas mãos o seu espectador e conduzi-lo ao pensamento filosófico e ao desprendimento de seus pré-conceitos. As imagens se apropriam dos ícones máximos do mundo globalizado (a internet, as grandes corporações, megalópoles e os pontos mais distantes do globo conectados a tudo isso). Os grandes pensadores e suas frases marcam presença na ilustração dos temas abordados, enriquecendo a produção e a reflexão de quem aprecia inquieto ao documentário.

Vale muito a pena como esforço por pedido de “pare e pense”. Entretanto, como observador e crítico de comunicação estou consciente de qualquer palavra não é imparcial e “A Servidão Moderna” não seria uma exceção. Porém, cumpre o seu papel enquanto proposta de debate ideológico e ainda introspectivo, vê-lo em uma sala cheia de pessoas e observá-las no tocante à suas reações torna-se uma experiência interessante.

Terminado o filme, por conformismo – e por contradição ao tema – todos se levantam a história se repete...

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Achei conveniente ao tema a tradução de "Head Like A Hole", do Nine Inch Nails

"Cabeça Como Um Buraco"
Deus do dinheiro farei qualquer coisa por você
Deus do dinheiro só me diga o que você quer de mim
Deus do dinheiro me pregue contra a parede
Deus do dinheiro não quero tudo que ele quer

Não, você não pode tirá-lo
Não, não você não pode tirá-lo
(Não, você não pode tirá-lo de mim)

Cabeça como um buraco
Escura como a sua alma
Eu prefiro morrer do que lhe dar o controle
Cabeça como um buraco
Escura como a sua alma
Eu prefiro morrer do que lhe dar o controle

Curve-se diante de quem você serve
Você terá o que merece

Deus do dinheiro não está procurando pela cura
Deus do dinheiro não está se importando com a doença entre a pureza
Deus do dinheiro, vamos lá dançando de volta pra ofender
Deus do dinheiro não é o único que escolhe

Não, você não pode tirá-lo
Não, não você não pode tirá-lo
Não, você não pode tirá-lo de mim

Cabeça como um buraco
Escura como a sua alma
Eu prefiro morrer do que lhe dar o controle
Cabeça como um buraco
Escura como a sua alma
Eu prefiro morrer do que lhe dar o controle

Curve-se diante de quem você serve
Você terá o que merece
Você sabe quem você é

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Brincadeira de criança, como é bom...


Uma nova guerra ganha as telas do cinema neste final de semana. Como foi com o primeiro, a sequência de “Tropa de Elite” causa frisson na grande mídia e leva multidões as salas de cinema. Ontem ao voltar de ônibus para casa ouço vários “da hora” disparados por “manos” que certamente por uma questão que vai além da semiótica nem devem saber o real propósito do autor. A saber, por Martine Joly que escreve sobre Teoria da Imagem, o cinema como arte excerce uma função emotiva tendo seu foco maior no emissor, no caso o diretor José Padilha.
No entanto cabe também ao receptor sua liberdade de julgar e tentar entender por sua livre interpretação, a intenção do seu emissor. Uma imagem também pode ser palavra ou dizer mais que mil delas, logo a representação acima com a imagem do Caveirão – carro de patrulha de policiamento do BOPE – que já fala por si só; pode carregar nele mais que a referência de presos em seu interior e sim muita polêmica. Como toda questão não se resume somente à análise da imagem e também envolve aspectos culturais e sociais, aí fica complexo determinar somente por questões icônicas porque um brinquedo causa tanta discussão.
Talvez seja mais emblemática a representação de quem é de fora do Rio de Janeiro que lá “é tiro para todos os lados” e associar essa idéia às opiniões e ai tentar descobrir de onde vem tanta polêmica. Já discuti nesse blog sobre o impacto da violência ser mais “permissiva” que o sexo. Ela entra fácil em nossas casas, enche os olhos da garotada ávida por jogos eletrônicos e cinema hollywoodiano de ação. Mas isso até essa realidade do tiroteio entrar sem pedir licença e acertar onde não devia.
Por uma avaliação de que forma e conteúdo esclarecem a “real” da imagem, tal brinquedo que é uma imagem de uma imagem de uma imagem, se apresenta na cor preta, com um ícone de uma caveira e num carro de tropa de choque. Tal associação à violência não ocorreria se a idéia que temos de polícia – miliciana diga-se – fosse a da corporação de outrora, seguidora da missão de proteger o cidadão. Ora, quando fui criança ganhei do meu pai, um católico radical, um carrinho de polícia e sempre tinha admiração por quem usava fardas. A imagem então como algo mutável e moldada à sua realidade pode causar o desconforto e a revolta e num deslocamento de espaço a sensação de respeito e admiração.
Não está claro na teoria da imagem e seus fundamentos a resposta que a sociedade precisa. No entanto ela indica um caminho e uma reflexão sobre quem somos, quem está a nosso favor e contra nós. Talvez ao nos olharmos em nossos espelhos, despidos tanto literal quanto metaforicamente encontraremos em nossos corpos a coragem para enfrentarmos o medo e daí surja uma transoformação. A brincadeira de adulto por quebrar as correntes da inversão de valores. E a gíria tipicamente carioca de que “não é brinquedo não” e na concretização desta a grande verdade devendo ser encarada de frente...
E essa discussão deve começar desde a infância.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Qualquer semelhança é mera coincidência


“Blade Runner - O Caçador de Andróides” - Ridley Scott

Ridley Scott foi um gênio dentro da ficção científica por não só colocar um novo paradigma dentro da sétima arte, mas também por ser um grande ícone do gênero ao explorar sua visão pessimista do futuro da humanidade.

Do ponto de vista da teoria da imagem, toda representação parte-se até mesmo do bíblico de que "Deus fez o homem à sua imagem e semelhança" atribuido aos replicantes, uma reprodução da imagem e semelhança de seus criadores, na película, o ser humano. A construção de uma imagem que pode é claro gerar problemas e distorções. Sem nenhuma diferenciação a quem estiver apenas passando na frente da tela e ver a história, os replicantes são realmente humanos. No contexto visual, até porque nossa tecnologia ainda não cria andróides com a nossa semelhança tão verossímil, eles se assemelham a nós.

A cenografia caminha com a obscuridade de ambientes claustrofóbicos e com paisagens urbanóides nos rementendo à máxima “sozinho no meio da multidão”. Vários trechos do filme reproduzem o high-tech. Em poucas cenas o sol foi visto e este deixando o ser humano com a sensação de pequeno diante do universo, tanto do filme quanto metafórico – um grão de areia no deserto.

Analisar uma obra de arte, como o cinema exige um pouco mais de atenção - e no caso de um filme – na maior parte das vezes só é possível ao acompanhar toda sua duração de começo, meio e fim. É pela linguagem não visual possível a observação de que alguns "humanos" não são partes de nós. Estes são postos a prova num dos questionamentos do protagonista vivido por Harrisson Ford e é nesse momento em que nos deparamos com a metáfora de que "os replicantes foram feitos à nossa imagem e semelhança" que percebemos neles todos os nossos atributos. Menos o sentimento.

A grande sacada de Scott foi justamente nos colocar no dilema de que qualquer reprodução de nós mesmos jamais será tal qual "nós mesmos" – em verdade não só estética, mas adjetiva.

Do aspecto visual, embora a história seja no ano de 2016 ela não corresponde em nenhum ponto à visão que nós humanos tínhamos do ano 2000, quiçá na era da ficção de Blade Runner. Há varias referências icônicas da cultura japonesa - que sempre nos remete à tradições e ao passado - e da cultura ocidental da década de 80 mesmo. Ainda que nesta década o país do sol nascente fosse vanguarda da tecnologia eletrônica daqueles tempos.

O diretor soube também escolher o seu elenco e colocar atores certos para ilustrar a ausência de sentimentos e o figurino faz a parte de elo entre a moda da época - sem os tics retrôs de hoje - e a música eletrônica de Vangelis, como pano de fundo para a visão quase poética do romance. Tudo foi milimetricamente calculado para que esta obra de ficção fosse tão atemporal e contemporânea, podendo ser apreciada sem preconceitos por quem é ávido pelo cinema 3D em alta definição atuais. O filme, com todo e enorme respeito a Frtiz Lang, não precisou da visão expressionista para impressionar e figurar uma era pré-novo milênio. Talvez a terra de Blade Runner e Metropolis sejam universos paralelos entre um e outro, e os olhos do expectador o seu portal para transição entre eles.

Scott assume o papel da arte - sétima, diga-se - ao por nos olhos do espectador seu grande questionamento, não só sobre as indagações sobre a cibernética e da intervenção humana em nossas criações, mas por sua função emotiva de que o cinema pode e deve ser atemporal – além de ser um registro de sua época - e que tais angústias em relação ao nosso futuro estarão sempre presentes.

Por fim, o ícone da pomba, representante da paz - já praticamente símbolo por excelência – voa enquanto repousa em contraste a morte da criação humana. Seria no último suspiro de um replicante, e na exclusão de "nossa imagem e semelhança" que nós humanos estaremos libertos de NOSSA IMAGEM?

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Uma questão de sorte


O filme "Boa Noite Boa Sorte" dirigido por George Clooney levanta perguntas importantes num momento em que parece que tais não foram ainda assimiladas pelos detentores dos meios de comunicação de massa. A era da informação vive seu momento de questionamento sobre a liberdade de e acesso irrestrito à informação e de pensamento.

O ponto principal do filme é o papel de Edward Murow e suas críticas ao senador McCarthy, este apontado por Murrow como o homem “caçador de bruxas” (“caça às bruxas” ficou conhecida como o momento em que a política norte-americana da década de 50 perseguia veementemente os suspeitos de comunismo). Questionado também sobre os métodos pelos quais McCarthy ousou perseguir tais suspeitos.

A fotografia em preto e branco foi perfeitamente aplicada para reforçar o tom sóbrio e até boêmio do filme, principalmente nos momentos em que uma cantora negra entrava entre algumas cenas para disparar um vozeirão e deixar esta película com o mesmo charme com que Murrow aparecia com seu cigarro para fazer suas críticas.

Tecendo uma análise do ponto de comunicador de rádio e tv observo uma cenografia perfeita e a ausência de trilha sonora em boa parte do filme exibe a intenção do diretor em transportar o expectador à uma introspecção reflexiva por este se questionar se em algum momento já calou a voz de alguém ousado a discordar de seus devaneios narcísicos.

“Boa Noite, Boa Sorte” vai além de uma análise sobre sua produção indicada a vários prêmios no ano do vencedor “O Segredo de Brokeback Mountain”. Trata-se de uma obra atual pois há muitos vestígios dessa caçada a liberdade de expressão nos momentos recentes não só nos Estados Unidos. Mas também no território brasileiro onde o Jornal Estado S. Paulo foi proibido de noticiar escândalos de corrupção envolvendo o sobrenome Sarney. Igualmente atual pois até hoje discute-se o papel da imprensa e dos meios de comunicação escrita e áudio-visual. Na terra do Tio Sam a Fox teve seu jornalismo questionado ao falar de Barack Obama.

O uso da liberdade de imprensa causou transtornos não só ao Estadão, mas – voltando ao filme – Murrow teve de mudar de horário e de dia de exibição do seu “See it Now”, programa exibido no horário máximo da audiência americana, para as tardes de domingo.

Por enquanto a internet ainda parece estar ilesa dessa vigilância. Talvez o seu alcance ainda limitado e sua dificuldade em fiscalizar seu conteúdo tivessem ainda distantes do exemplo panóptico de Foucault. Ainda veremos no entanto alguém para tentar castrar os dedos de algum Murrow da era digital. Só resta esperar que final uma futura história de censura isso vai ter.

No caso de “Boa noite boa sorte” houve um happy ending colocando McCarthy contra sua própria língua e seus métodos de perseguição aos comunistas foram postos em cheque no senado americano.

Depois da caça as bruxas o que parece ter surtido efeito é que as denúncias do jornalismo investigativo tiveram que mudar sua estética, tirando do jornalista formador de opinião para os talking heads que só fazem é retransmitir o que fora escrito previamente por um redator.

Embora não tenha realmente uma ligação direta com o comunismo e os ideais de Karl Marx, Murrow aplica de uma certa forma a teoria frankfurtiana ao levantar a real função da mídia na sociedade em vez de simplesmente analisar a mensagem – em oposição a teoria funcionalista. Abre-se também o espaço para discussões sobre a temática e do impacto de uma forma sutil de censura pelo simples fato de um líder de audiência tenha que mudar sua posição numa grade numa emissora e das demissões de vários funcionários da CBS justamente com seu programa de maior prestígio.

Até o momento atual a pergunta de Murrow sobre o papel da televisão parece ainda não ter resposta. Talvez esteja nos bastidores da CBS e seu exemplo a nossa luz no fim do túnel ou então este segundo comece na Colômbia de Hugo Chavez. Quiçá no Maranhão...

É, vivemos num mundo globalizado, definitivamente.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Semana da comunicação da faculdade. Quem sabe a próxima...

A semana de comunicação começou com a palestra do senhor Eduardo Salvino sobre autoria na internet mostrando como o controle de conteúdo praticamente inexiste uma vez que qualquer informação posta na rede pode ser manipulada de diversas formas e por qualquer pessoa. Um exemplo foi um video com a figura do Presidente norte-americano Barack Obama. Nele, imagens de seus discursos foram colocados com uma música e várias vezes a frase “Yes we Can”.

O palestrante no entanto falhou no objetivo de abordar o tema. Vários titubeios, exemplos mal colocados e uma abordagem que foi muito superficial deixaram vários expectadores na platéia com sono ou em conversas paralelas, tornando o tema desinteressante. Uma pena, pois é um prato cheio para qualquer profissional de comunicação discutir e abordar uma questão tão atual. Nem mesmo sua exposição sobre o “conteúdo que se sobrepoe a forma” serviu para estabelecer uma ligação direta com o conceito e seus exemplos. Outro assunto foi o da narrativa visual em vez da narrativa escrita. Óbvio, ainda que pudesse ser exibido de uma forma a chamar a atenção dos mais desatentos à maneira pela qual a comunicação se desenvolve em nosso tempo.

O primeiro dia segue com a palestra de Manuel Fernandes sobre novas formas de distribuição e de produção na era digital. O palestrante, já dominando uma técnica para chamar sua audiência para o tema conseguiu romper com a indiferença dos expectadores e com bom humor obteve mais êxito do que o seu antecessor. De uma forma muito enfática ficou claro como é possível ganhar muito dinheiro na rede virtual e seu conhecimento bastante aprofundado e uma didática excepcional acabaram por tornar a palestra algo bastante agradável. Em ambos os temas do dia, o palestrante tem – ou teria – uma grande identificação pois quase todos os palestrantes mostraram-se interados nas redes sociais ou pelo menos tinham algum conhecimento do que se tratava. O jornalismo de indexação é essencial para quem escreve algum conteúdo qualquer na rede e a principal ferramenta de lucro de Manuel Fernandes foi exposta sem que parecesse uma receita de bolo. Outro item bastante importante da sua exposição foi a utilização de conteúdo afim de prestar serviço na rede. Sabe-se que qualquer blogueiro pode se tornar uma referência em informação, porém não bastando somente boa vontade mas também cuidado e um trabalho “jornalístico” com seriedade e clareza. E por fim a mensagem de Sherlock Holmes – do Sir Arthur Connan Doyle – que define bem a essência do comunicador que faz fortuna na web: “O meu negócio é saber o que os outros não sabem.

Nos dias seguintes tivemos uma excelente exposição de vários curtas e dentre eles o agradável “Candeias – da boca pra fora” revelando um momento importante – ainda que decadente – do cinema Brasileiro que é o da produção de baixo custo feita no cenário da região central de São Paulo conhecida como Boca do Lixo. Depoimentos de Carlos Reichenbach, Zé do Caixão, entre tantos outros, poem em foco a linha entre o trash e o ruim mesmo. Cenas de filmes como Rebuceteio e também do primeiro filme do José Mojica, arrancaram risos da platéia deixando bem claro que nosso momento do cinema nacional é outro. Vale, no entanto como registro de um momento que ainda vergonhoso, fosse este o nosso referencial e memória de nossa cultura sucateada e sem investimento do poder público. Importante também pela reunião de habitantes da Boca do Lixo discutindo cinema como se fosse uma mesa redonda de futebol. Recomendo esse documentário para quem se interessa por cinema brasileiro e garanto a quem interessar possa, assistí-lo de olhos fechados – com a licença para ser irônico.

Agora uma ressalva sobre a semana de comunicação: não foi produtiva a interação de palestras entre os profissionais das áreas envolvidas. Acho que uma segmentação e um foco mais direcionado pode propor ao aluno participar mais e com isso deixar de fora aquela longa explicação que por vezes se torna cansativa e que desprende a atenção dos presentes. Confesso Ter bocejado em vários momentos das apresentações e não foi incomum olhar para os lados e ver outras pessoas fazendo algo que não colocando seus olhos e ouvidos para apreciação do conteúdo exposto. Espero mais de uma próximo encontro, inclusive ser mais participativo. E é tudo uma questão de comunicação....

terça-feira, 20 de julho de 2010

Indiferente?



Quebra-se a rotina matinal e aquele café da manhã com gosto de receita de bolo, entrevista com atores esbanjando saúde – e dinheiro – nos trazem um mundo imaginário e de que poucos fazem parte. O excesso de alienação da realidade nos incomoda e vem o porque da televisão ser vista como um mundo de ilusões e daquilo que consideramos ideal. Dá-me nojo essa idéia utópica almejada por nós que passaremos o resto de nossas vidas a trabalhar para Ter uma vida digna e com uma condição financeira muitas vezes abaixo do satisfatório.
Novamente essa inversão de valores é algo que me faz questionar essa brasilidade. E aí vem o papel de um comunicador. Até mais vezes seria mais do que permitido que Ana Maria Braga pudesse nos trazer e levar da realidade para o mundo maravilhoso da vida boa e saudável.

Não espero que ela seja profunda na questão, ainda mais além da dor do pai desse menino vítima do que negamos existir ou pelo menos recorremos aos veículos de comunicação afim de sair do chão e viver na terra da fantasia.

Envergonha-me pessoas escrevendo para o programa dela achando ruim a iniciativa de dar voz a um pai desesperado e indignado com tamanha violência. Se estas encaram como o sonho interrompido pelo pesadelo de outrém, que se armem até os dentes, tranquem-se nos seus quartos decorados por aquele designer italiano, coloquem cameras em todos os cantos da casa porque só assim conseguirão – a um custo mais caro do que muito de seus luxos – manter-se alienados e longe da realidade cruel das grandes cidades.

Feliz mesmo como comunicador eu só serei o dia, quando no auge da minha realização profissional eu não tiver mais que abrir o espaço para indignações como esta.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Holofotes

Enquanto o povo pensa em futebol...

Ministro do STF suspende lei Ficha Limpa para deputada de Goiás --13h51 02/07/2010


Novamente esse País é lesado. Fico hoje com a imagem de uma torcedora da seleção chorando no onibus ao longo do percurso que faço diariamente até o meu local de trabalho. Permaneci na minha tranquilidade pensando no poder de fascínio que o futebol tem no povo. Mas será que esse mesmo povo tem a noção de quão mais importante é o poder que tem através do seu voto e do seu direito de escolha dos seus representantes? Bem diferente do jogo de cartas marcadas da escalação da seleção brasileira de futebol, o povo tem o direito de dizer quem quer e quem não quer em seu comando.

Novamente prevalece o equilibrio de uma seleção com estabilidade emocional que dominou a favorita naquela partida. Brasil tem ainda muito que aprender como povo e como nação.

Andamos com emoções inversas, com valores inversos e as contradições desse País não se restringem ao morro do lado das casas de luxo. Sinto-me fora da grande maioria, quando na verdade esse tipo de notícia acima é o que realmente me entristece: quando alguns poucos “privilegiados” – no pior sentido da expressão – se julgam no direito de passar por cima das leis que são bem claras. Quando será que entenderemos que durante um mês os holofotes não precisam estar todos apontados para uma mesma direção?

Diariamente falo com meu amigo australiano Jason e vejo-o tocando sua vida, comprando sua casa, vivendo num país que dá condições menos injustas – não acredito em nenhum lugar como paraíso aqui na Terra – e tendo um padrão de vida condizente com seus desejos. Algo que eu terei que ralar muito nesse Brasil se eu não tiver os privilégios de que falei acima.

Saí de casa de cabeça erguida, sabendo que o meu valor não é reflexo do mérito de outrém. Ouvi sossegado a minha música e continuo sim imaginando esse Brasil como um lugar melhor para as pessoas. Não preciso me posicionar nas eleições para poder ter direitos de cidadão pois isso não me ausenta de continuar pagando os meus impostos. Acredito sim ter a minha consciencia no lugar.

Repito e friso: os holofotes, em quem eles estarão apontados? Em Dunga, no Julio César sendo estes tão brasileiros como nós ou naqueles que se curvam pelas brechas e privilégios imoralizando esta pátria que é sempre tão gentil?

Que saibamos agradecer ao esforço e garra de uns e cobrar de outros algo para nos orgulhar da mesma forma como não canto que sou brasileiro, nem com muito orgulho nem com muito amor, por saber que está dentro do meu sangue o sentimento de Pátria e nação.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Uma relação de marido e mulher, quase em separação de bens...

Globo confirma que Dunga vetou entrevistas - 23/06/2010 - UOL Copa do Mundo

Antes de me justificar e dizer que não sou fã de futebol, necessito porém dizer que pretendo ser um profissional dos meios de comunicação – de massa, que seja, a gente precisa sobreviver – e como telespectador porém, não posso me ausentar da crítica. Esta Copa do Mundo está interessante de se acompanhar, não pelos jogos, mas pelas polêmicas e pelas histórias e por conter o fator de pela primeira vez, um país da África sediar o mundial.

Dentre tantas histórias, o comentário da semana não poderia ser outro: a polêmica envolvendo o principal veículo televisivo do País e técnico Dunga. Antes de aprofundar essa discussão, voltaremos alguns dias no tempo e lembraremos do “Cala a Boca Galvão” e do “Cala Boca Tadeu Schmidt” que simplesmente contaminaram o twitter ao entrar para a lista dos trending topics. Importante percebemos como a cobertura da Globo nessa copa tem sido alvo de críticas. Ao meu ver, sempre foi apelativa para um sentimento de brasilidade, como se não tivessemos de exercer o nosso ser brasileiro nos outros dias do ano, e principalmente nas eleições, mas já é outra história.

Certo de que não sou só o irritatadinho com o ufanismo e com os exageros de Galvão Bueno, ao seu apelo sentimental induzindo seu expectador a derramar lágrimas nas vitórias e derrotas da Seleção Brasileira, ainda que com tantas manifestações, resolvi me ausentar de comentários contra o profissional – e não a pessoa – do locutor esportivo mais famoso e xingado do País. Meu “re-twittei” o #CALA BOCA GALVÃO não aconteceu e não vi o porquê propagar uma campanha que é na verdade uma grande brincadeira.

Chega o momento em que a internet também passa a ser um veículo de comunicação e sua força revela ao povo o que todas as mídias de massa da família Marinho e principalmente a Rede Globo sempre tentaram esconder: a sua crítica contra sua cobertura televisiva. O agravante é o fato de quase todo Brasileiro apreciador de futebol se julgar um técnico da seleção e isso mexe com os brios de milhões de torcedores. Coincidência ou não, é um momento do senso comum ser diluído diante de tantas opiniões diferentes e divergentes acerca de uma escalação de time de futebol mesmo a sua maioria não estar de acordo com o técnico Dunga. Fica evidente então quem são os que não gostam da escalação da seleção brasileira, quem não gosta da cobertura da Rede Globo e finalmente, quem detesta o Galvão Bueno locutor esportivo.

A emissora carioca tentou levar na esportiva, mas não ficou indiferente à critica. Algo incomodou os seus bastidores. Ela não haveria de imaginar o quão grande é o número de pessoas que detesta sua cobertura. E essa audiência nesse momento de crise é mais importante que o IBOPE, pois este será um mero reflexo do desenrolar dessa polêmica toda. Fica a dica, Rede Globo!

E agora outro dilema: a relação com o técnico Dunga. É uma relação de interdependência inegável. Mas o técnico está em vantagem, pois ele consegue tocar sua seleção com ou sem aprovação da Globo diante da negativa às suas entrevistas bombásticas e exclusivas. O que ele precisa ser mais atencioso é se ele depois da Copa ele vai conseguir manter sua fama e sua visibilidade. É sim uma relação de marido e mulher e ambos precisam conversar e discuti-la e não é calando a voz do outro que se chegará a algo agradável aos nossos olhos e também ouvidos. Não mereço um técnico que agride os profissionais de jornalismo e não mereço uma emissora com vontade de ser a única bola em campo. No meio à tantos comentários, sigo a opinião do técnico Felipão que diz que ambos precisam se aturar. Mas farei minha crítica a Globo que precisa entender que seu poder e suas regalias a fim de ser exclusiva serão cada vez mais restritos de agora em diante.

O País se prepara para uma nova era nos meios de comunicação e o crescimento de suas concorrentes tende a levar a Globo a ficar próximo delas. Talvez em números. Ainda vejo o quanto as outras ainda pecam e muito em qualidade, porém aos poucos vão acertando o passo. Sim a Globo ainda tem qualidade, tem excelentes profissionais e jornalistas à sua altura que merecem todo destaque e mesmo não sendo lá muito ligados em futebol, dão um show de cobertura e inteligência nos comentários (William Waack, um exemplo pois na Globo News ele não fala de esporte).

Vou continuar de olhos bem abertos para a cobertura da mídia durante o mundial e espero também poder ver o que está acontecendo nos bastidores de outro lugar bem próximo de nós, realmente no coração do Brasil - visto do mapa é claro... Nos últimos dias parece que esqueceram um pouco qual é a capital do nosso País...

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Distância desse maio...

Foi tudo uma questão de espaço. Ou da relação com o tempo que se resume a apenas um mês. Longe da nostalgia que me remetia a o mesmo mês, só que no ano passado, e igualmente longe daquela cidade verde, estava eu mergulhado no cinza.

Pela primeira vez um “não” vindo de mim percorreu alguns centímetros e me afastou de alguém a quem somente tenho pena. Deixei que este fosse longe em suas fantasias e compulsões. Eu não estarei mais por perto quando só restar poucos que queiram entregar um abraço mesmo...

Já o cinza das nuvens e da dúvida sobre a importância que tenho na vida de algumas pessoas dá o tom deste mês. Algumas pessoas tão perto e que passei a tentar dar um close em suas qualidades, me sobrando sua impiedosa crítica me colocando a quilômetros de distância do seu universo (ou seria pote de ervilha?)

Dias próximos aquele feedback, sai para apresentar um trabalho na faculdade e por poucos centímetros não feri minha cabeça mais grave. Mesmo machucado fui dar o meu sangue para o trabalho da faculdade e recebi de um dos membros olhares de indiferença e ausência de comprimentos, como se fosse um desconhecido. Não tenho mais que me preocupar com vagabundos... Já viajei km para estar na cama com um – sim, este se declara abertamente como tal. O da faculdade, que me poupe pois a minha preguiça chega a ser maior que a dele em pensar em dizer “oi”. Suas estradas são tão limitadas que nem me levam a percorrer mais aquela crítica de quem esperava mais do outro naquele trabalho. Fomos bem além do que o professor esperava, sem ele mesmo. Uma pena. O mérito está bem distante da inércia e de sua falta de competência...

Não me bastasse o céu claro - com uma nuvem cinza me pairando – , numa tarde de sol de Domingo, saio a andar pela Faria Lima em direção ao ponto – direto ao ponto, como sempre – e por poucos centímetros não estaria te fazendo ler este texto. Ficaria longe de contar história para tornar-me uma triste estatística... Ainda assim vou longe, apenas quebrando o vidro daquele ônibus e indo alguns metros a frente.

(...)

E que anos-luz de distância de tudo aquilo que me deixa parado, permaneça aquilo que me acorrentava: sentimentos vazios, amor do passado que foi embora, pessoas que andam o mundo inteiro mas não saem do lugar, os viciados em sexo, os compulsivos por exageros, os alcoólatras incontrolados, os que pessam a vida reclamando e não conseguem mover uma caneta – um centímetro sequer – para escrever algo útil e por fim, aos que não conseguem percorrer mais que 140 caractéres...

É um mês como outro qualquer, mas para ficar bem longe das minhas recordações.

De olho nesse passado, fixo no presente em que olho que a minha estrada em direção ao futuro poderá não ser tão longa. Ainda assim, só no futuro poderei dizer que gosto terá quando eu ver que fui um dos poucos que saiu do seu ponto e estará em outro ainda que como esse maio, fora do eixo...

domingo, 23 de maio de 2010

Um é muito...

Era um domingo que poderia ser como um outro qualquer. O telefone que deixou de tocar me trouxe até aquela estação. Era uma noite fria, mas de um luar sem igual. Retratos em preto e branco e aqueles olhos castanhos claros a me olhar fixamente. Os meus verdes, constrangidos. Mas fiquei imóvel e eis que surge. Começa uma viagem que vai além daquela estação de baldeação.

Trocas e mais trocas de homenagens, frases ditas e escritas e algo cresce dentro de nós. Não é somente aquele pulsar latejante que quase nos arranca as vestes. É o intangível, o imaturo, mas que está mais para a doçura de uma criança. Pacientemente, aguardei dias numa tranquilidade já esquecida por uma rotina mais sufocante que o desejo do pronome pessoal, mais o verbo, mais o caso oblíquo. Mas era um caso. Não foi uma aventura que se perdeu numa cama de motel. Era um caso. Talvez este de desejos de um e paixão do outro. O que importa?

Aquela noite, no entanto, terminou ontem, melhor anteontem, pois já se passa da meia-noite e estou inteiro, vivo. O que sempre temia ouvir nos discursos políticos afim de se representar o coração não veio, ficou de fora. Ouvi o inesperado. O que sempre temia ouvir, saiu enfim de minha boca. Aquela que não vai mais, suponho, te beijar, te por em meus braços e me perder em outras noites de luar sem igual, afinal igual a aquele, não mais. Poderia ser melhor, mas ficou perdido entre tantos outros homens de olhos castanhos, pretos, azuis - e que olhos lindos em que eu fui me embreagar depois do fim. Eu fui enaltecido por teus olhares, por tuas palavras de quem quer bem mais que a minha boca amarga mas de toque doce. Mas não quero ser mais um. Quero ser único. E no entanto, continuo só.

É a vida, que segue com mais beijos, mais afetos vazios, com olhares de açogue. Minha carne foi tocada, meu gozo entreguei a ti, o outro a quem eu penetrava por entre seus gemidos. O rádio mental tocava Talk Show Host do Radiohead. Melancólico. É o meu signo. E dentre tantos homens, aquele que eu desejava, já não sei a ele mais o meu significado. Foi insignificante, porém, marcante. Rápido como aquele orgasmo de fim de noite.

Amanhã é outro dia, outra história. E nela vou me perder por entre os becos, onde minha alma estará lá esperando por quem passa...

_______________

"Talk show host" - RADIOHEAD

I want to, I want to be someone else or I'll explode
Floating upon the surface for
The birds, the birds, the birds

You want me, well fucking well come and find me
I'll be waiting with a gun and a pack of sandwiches
And nothing, nothing, nothing, nothing

You want me, well, come on and break the door down
You want me, fucking come on and break the door down
I'm ready, I'm ready, I'm ready, I'm ready, I'm ready...

domingo, 16 de maio de 2010

O mais eloquente dos signos

Eis que tudo muda da água para o vinho. Aquilo que é dado como certo vira algo que é posto em cheque. As certezas - que nunca tivemos, diga-se - são diluídas na perda de uma esperança que se vai pela simples ausência.

O ser humano recebeu como dádiva o dom máximo da comunicação, o diferenciando dos animais e com isso pode construir as histórias mais belas que vão do romance à experiência de viver seus dramas e poder compartilhar com outros seres pensantes.

Ainda que todas as certezas inexistem pois como dizia Nietzsche que todas certezas deviam ser questionadas e desconfiar-se de quem dizia as possuir em abundância e no entanto não há como na vida existir o relativo pois na subjetividade de cada um passa a ser uma certeza que é intíma, porém diferente das dos outros, logo, ou é "sim", "não" e "talvez". Não tem meio termo. Ouvi-los, significa que uma mensagem foi enviada, recebida e decodificada. O ciclo da comunicação se completa. Pelo menos a certeza de como cada um reage a isso pode conviver com o livre arbítrio e faz-se sua escolha.

O que dizer daquilo que não é dito, que não é expresso, e presente nas entrelinhas do que ficou no ar? Hoje, tive a constatação máxima de que eu não sei como interpretar o silêncio. Hiato pode ser uma forma de comunicação. No obstante, chego à conclusão de que isso pode dizer tantas coisas e justamente nesse infinito de possibilidades pode ocultar inclusive uma forma cruel de quem o emana - ou abstem-se de dizer algo, a saber - de deixar a outra parte numa expectativa e que pode ser um tremendo ponto de partida para as manifestações de neuorose e até mesmo psicose. Quem deixa de emitir a comunicação pode estar também a espera de um comportamento infantil e irracional.

Mas quem espera isso da outra parte envolvida na comunicação também não parte do mesmo princípio e portanto, igualmente imaturo?

Apesar de servir de teste para quem aguardava um feedback ou uma resposta, ou alimentar os sintomas descritos acima, também pode ter o seu lado "bom". Pode dar ao outro o direito de interpretar como quiser. E para mim, na grande maioria das vezes, como já assumi não saber decodificar hiatos, é capaz de representar o que eu bem achar conveniente. Na minha impulsividade assumida que quase sempre declina para comportamentos agressivos - e sou humano para assumir isso - passo tomar rumos estes: dou como perdida a importância do meu interlocutor ou mando um comunicado agressivo e quase sempre finalizador, junto com este toda a minha dose do meu veneno sarcástico e irônico. Afinal estou no meu direito de na minha ausência de sabedoria para lidar com isso, responder como acho melhor, pelo menos para mim.

Apesar de aparentemente imaturo nas minhas escolhas, no que diz respeito ao silêncio; há o oposto que é uma maturidade a entender quando segue o "não", sendo este conclusivo e o uma aparente fechada de porta é capaz de abrir tantas outras e até mesmo uma para o emissário dessa negativa à minha pessoa. Sou muito aberto às criticas, lido muito bem com elas e sou capaz de entender que alguém, no duro da escolha de dizer "não" foi corajoso e honesto. Isso me inspira todo o meu respeito, minha admiração e portanto, merece a partir desse momento ter o direito a minha honestidade e minha consideração.

Se todos nós, no ápice de nossa indecisão ou na perda de interesse ou esperança no outro, soubéssemos como um "não" é confortante, poupássemos bem mais do que" um resto de refrigerante que sobra no copo" (leia-se neurose obsessiva), sobraria histórias de uma convivência mais harmoniosa e nos libertando de todas as outras dúvidas e ainda que não nos dando nenhuma outra certeza mas só a de que o fim pode significar um grande recomeço.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

A doce vida (de poucos)


A capa da revista semanal Veja desta semana mostra como os jovens gays estão assumindo natualmente sua homossexualidade e a aceitação vivenciada por estes.

Estranho, se considerarmos o perfil destes e em que contexto eles se locallizam.

Novamente, sem querer ser um sociólogo defensor dos pobres e chato, é só observar pelas carinhas de jovens que parecem ter saido de séries do boomerang que tal realidade dessa capa não se trata de descrever a vida da maioria deles, e sim dos que vivem em situações bem diferentes e encaram preconceitos realmente ferozes. Quando teorias sobre comunicação e sociais admitem elevar o grau de intelecto das pessoas o quão maior é o seu poder econômico - não é uma generalização mas uma tendência, é claro - e explica-se aí essa maior aceitabilidade destes rapazes e moças no auge de sua revolução hormonal e ávidos por viver experiências afetivas.

O filme "Do começo ao fim" é o melhor dos exemplos: dois irmãos de pais diferentes, notavelmente de classe média alta carioca começam a se envolver afetivamente. Ao longo de suas vidas o único problema enfrentado é uma viagem que surge no caminho dos dois separando-os. Suas expressões de afeto são mostradas sob uma ótica utópica de uma sociedade completamente livre de preconceitos e da homofobia. Passando-me a sensação: "me coloque nesse mundo de ilusão!". O filme é fraco, valendo apenas a atuação da mãezona Julia Lemmertz.

Voltando a discussão, existe também uma questão geracional acerca desse mito da geração tolerante. A minha geração dos anos 90 ainda pegou um momento difícil em que tratamentos contra do HIV não garantiam vida longa, ainda tinha-se resquícios do estigma gay acerca dos homossexuais e pra acabar de vez - pelo menos em São Paulo - passamos pela pior crise na educação. A galerinha de hoje dessas classes mais altas não tem muito contra que lutar. Estamos passando por um momento em que as expressões de aversão à qualquer coisa diferente seja vexatório e alvo de críticas.

A reportagem da Veja também invertou a ordem das coisas colocando como vítima do Bullying na internet, os jovens que manifestam-se contrários as relações homoafetivas. A quem ela se refere? Faltou traçar um perfil melhor desses jovens e perceber que as diferenças sociais no tocante não só às suas classes mas também à diferentes realidades para enxergar que a coisa não é nem está perto de ser um conto de fadas gay. Os jovens de classe média - a quem a revista expoe - seriam menos propensos à manisfestações agressivas de homofobia?

Esqueceram de olhar também para as vítimas dos abusos de violência, assédio moral e discriminação para enxergar o tipo de jovem que ainda tem que conviver com essa dura realidade. Pegar a parte pelo todo é fazer com que a realidade de uma minoria seja um produto para se espelhar?

E a questão dos guetos? Como se não estissem convenções de espaço para manifestação dos afetos... Bem sendo assim, teríamos que fazer um teste de colocar um casal para andar na Paulista e outro para andar no Largo 13 em Santo Amaro (São Paulo, lugar frequentado na sua maioria por pessoas pobres e excluidas de informação). Se até na Paulista há relatos de violência verbal e física, quem dirá onde a ignorância e a repetição de valores contraditórios aliados à falta de educação básica circulam mais livremente que seus propagadores. Novamente tem-se a idéia dos gays em toda a parte. Sim perante o eixo Paulista (no caso de São Paulo) e Ipanema-Leblon (no Rio), sim.

Se o que a Veja, falando de comportamento vende essa doce vida poderia perfeitamente através do Diogo Mainardi vender também a doçura que é o momento atual do nosso País.

Fico com o ditado que diz "Rapadura é doce mas também não é mole não"

Sem nenhuma referência fálica, termino.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Isso sim que é eficiência




A formula sempre se reinventa e se adapta ao momento atual:

Em video, Bispo da Universal ensina a arrecadar durante a crise - 13/04/2010

A minha análise:

Nessa sociedade em que o imperativo é o do gozo, o do prazer e que nela felicidade é uma obrigação do ser humano, há quem se aproveite dessa interpretação. A Igreja Universal é uma dessas convenções. Seus bispos, embora falem numa linguagem popular e de fácil assimilação dos seus fiéis, são profundos conhecedores de teorias da comunicação, sociologia e até de filosofia e teologia católica – vale lembrar que Universal é a tradução do latim de “Católica”.

Ontem, num estudo sobre um texto do Theodoro Adorno sobre comunicação de massa é que veio vários exemplos de justificação cínica dos comunicadores desse grande público e como estes se apoiam na liberdade de expressão e do princípio democrático para espalhar todo tipo de desgraça ou até mesmo se alimentar dela.

Interessante que para quem é fiel da IURD – só um dos exemplos, temos tantos outros – os seus líderes viraram sua principal referência. Seu exemplo de sucesso financeiro virou uma verdadeira obstinação. Agora a Universal tem uma nova: a de justificar sua própria roubalheira e seu uso do dinheiro obtido através de doações de pessoas muitas vezes endividadas e sem esperança, na justificativa de que o valor do dinheiro pode ser revertido em sucesso aqui na Terra. Tal mudança nos rumos da Igreja serve até para ilustrar como o mal uso da liberdade de expressão que ela tem necessita ser questionado; uma resultante de ações e processos movidos por entidades afro-brasileiras, espíritas e até católicas. A sair o discurso espiritual e a começar a entrada do material, o primeiro é somente um pano de fundo dependente do segundo.

Comunicação eficiente. Sua mensagem é recebida e interpretada conforme os objetivos dos seus pastores e sem direito a uma Segunda interpretação. O principio da teoria americana do funcionalismo está lá, Ipsis litteris. O exemplo mais óbvio de como transformar dor e sofrimento alheio em prazer próprio. “Você também pode ser feliz aqui na Terra” e segue imagens de carros importados, casas de luxo, iates, paisagens paradisíacas de lugares que não são o Brasil. E o mais cínico de se justificar com os erros de quem tenta desmascarar todos os desmandos de uma instituição aproveitadora, oportunista, cruel e que ainda zomba do sofrimento de quem a sustenta. Mais ainda eficiente por ser posta num altar e enxergada como divina e dogmática, acima do bem e do mal diante de quem está no sofrimento e nela encontrou sua última oportunidade de salvação.

A IURD não veio do acaso. Há todo um contexto social que desmistifica o aparecimento dela e do crescimento de tantas outras igualmente neo-petencostais posteriores à de Edir Macedo.

No momento em que liberdade de imprensa é discutida e a liberdade de expressão está novamente sendo ameaçada, a Igreja Universal cresce cada vez mais. Fica a evidência de comunicação perfeita sob sua eficiência e calar sua voz só aumenta e engorda cada vez mais a conta dos seus pastores, um fenômeno da ciências exatas aplicado em relações humanas e diretamente proporcional: quanto mais se critica a IURD, maior a ira dos seus fiéis e pastores e mais convicente se torna sua mensagem.
Teoria funcionalista aplicada a um movimento organizado contrapondo outros de lutas de direitos das minorias étnicas, sociais e sexuais que não convergem em um objetivo comum e único.

Será que para quem está do lado de fora só restará seguir o exemplo de comunicação de massa da Universal? Ficaremos a mercê de um embrião religioso que está se tornando político?

Só é possível uma crença virar engajamento quando o espiritual novamente se torna uma resultante do conforto material e aí está a diferença entre Ter fé e ser fanático, na mesma medida entre sentir amor e sentir paixão, e por aí vai.

Diante de tanto fanatismo, a máxima: pense antes de falar porque disparar a frase “quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra” a quem é sujo e diz que o outro é mal lavado não convence mais.

terça-feira, 27 de abril de 2010

O que falam de mim

Antes de mais nada, quero deixar claro que não tenho nenhuma ligação com esporte, não gosto mesmo e assumo.

No entanto esse post vem a ser uma tentativa de imparcialidade. Algo que é essencial para quem trabalha com a notícia e com a comunicação. Mas como o blog em si é também um exercício de opinião, acho então que chegar a um consenso é um verdadeiro paradoxo.

O que vale é colocar quem está lendo a pensar. Algo com o que Aguinaldo Timóteo não está muito preocupado.

Sabe-se e não é de hoje da visão que muitas pessoas têm da Rede Globo de Televisão. Há inumeros comentários e referencias ao poder de criar modismos, ditar comportamentos e até de revelar escândalos envolvendo os graus mais altos da sociedade. Mas será que é tudo o que falam de ruim dela? Olhando para os interesses políticos de Aguinaldo Timóteo e de sua história controversa fico pensando a respeito.

Timóteo quer a todo custo que seu projeto de lei seja aprovado na câmara de vereadores de São Paulo e isso mexe com os brios da emissora carioca. Não só. Com a sua grade de programação também. Tal projeto prevê alterações no horário de encerramento das partidas esportivas disputadas na capital paulista. Se aprovado, as transmissões, bem como os eventos deveriam se encerrar até as 23h15h. Logo, uma partida entre São Paulo e Corínthians (por exemplo) não poderia começar depois das 21 e pouco, pois com os intervalos entre o primeiro e segundo tempo excederiam o horário estipulado no projeto do cantor e hoje vereador. A novela certamente seria apenas um ou dois blocos entre o Jornal Nacional e o futebol.

Qual seria a diferença entre terminar 23h15 ou 23h55h? A cidade fica radicalmente mais violenta num intervalo de 40 minutos, o que seja?

Com tanta lei mais importante para ser votada na câmara, fica nítido o interesse particular falar mais alto do que o do coletivo. Por que, senhor Aguinaldo, não se preocupa mais em tentar votar projetos que incentivem a cultura de onde tiraria melhor proveito em vez de tentar criar restrições absurdas?

Novamente a máxima da projeção. Em outras críticas, Aguinaldo ataca o poder da Rede Globo se referindo a ela como manipuladora. Seria mesmo manipulando a sua grade que o senhor estaria isento da sujeira que o senhor sempre a acusou?

A gente sempre condena nos outros aquilo que temos de feio em nós mesmos.

Voltando à ideia de pensar a respeito sobre o poder de manipulação da Rede Globo, não fosse por Timóteo, eu até poderia concordar do que muitos propagam sobre a emissora carioca. Com ele na roda, já fico a pensar a respeito...

Mas a mídia precisa de pessoas para incomodar. O que lhe resta, senhor Aguinaldo é saber como!

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Cultura Musical faz bem




Fonte:


18/04/2010 - 20h41 | da Folha Online
A cantora jamaicana Grace Jones, 61, ícone fashion que sempre chamou atenção por seus visuais ousados, revelou ao jornal britânico "Guardian" que não acha Lady Gaga original.

Segundo o jornal, Gaga chamou Grace para cantar na faixa "Telephone", mas a jamaicana negou o pedido e foi substituída por Beyoncé.

"Ela me chamou, mas eu disse não. Eu prefiro trabalhar com alguém mais original, e com alguém que não me copie inteira, na verdade", afirmou Grace Jones.


Antes de começar a crítica vamos aos fatos:

Quem é Lady Ga Ga na atualidade:

Ela é um produto de diversos estilistas, produtores musicais e pessoas com até um pouco mais de cultura musical do que os que a ouvem acham ela o futuro da Musica pop. Isso me cheira Sigue Sigue Sputnik...
Suas referencias visuais são Grace Jones e Nina Hagen.

Quem era Grace Jones:

Grace foi de suma importância para a música pop dos anos 80. No seu aspecto visual, ele todo orientado por Andy Warhol, que fotografava exasutivamente a musa Jamaicana. Ela frequentava a boate mais importante de Nova Iorque, a Studio 54 (que já foi tema de filme inclusive). Ela participou do trabalho de diversos artistas como Iggy Pop, David Bowie, The Normal, Roxy Music (Gente de peso!) e muitas cabeças influentes naquele meio da disco music e da New Wave.

Hoje na central, falando com um fã da Ga Ga, que ficou revoltado com a afirmação de Grace Jones eu tentei ver se ele, na condição de uma pessoa que quer trabalhar no meio da comunicação, sabia quem era uma das principais fontes de inspiração para Lady Ga Ga. Aquilo que eu já imaginava. Tive uma viagem no tempo e vi a mim mesmo tendo o mesmo comportamento. Ele ficou revoltado e pôs a música dela pra ouvir no celular e aquele grito “oh uh oh uh” que eu já não aguento mais. Lamentável, pois isso só reforça a visão que eu tenho da grande maioria das pessoas deslumbradas com o descartável da música pop atual. Ah, e lidar com a crítica e com aquilo que a gente não conhece também faz bem, a gente aprende, reforça o nosso senso crítico e passa até mesmo a defender o nosso ponto de vista mais a finco e sem amarras. Nem adiantaria tentar colocar a musica da Grace Jones para ele ouvir, pois seria um ocidental tentando convencer um muçulmano radical da Al-Qaeda.

Tudo isso que eu presenciei também reforça o meu pensamento de que eu quero ser um profissional de comunicação melhor e que estou na faculdade porque não me conformo com a minha ignorância e quero e posso aprender cada vez mais. Que a minha pequena bagagem cultural complemente os meus estudos e vice-versa.

Vale pra lição de casa: Recomendo a todos ouvirem o trabalho da Lady Ga Ga e o da Grace Jones. Sim, há diferenças mas há também influências e elas não são poucas.

Cada vez que eu vejo pessoas se deslumbrando com aquilo que acham que é inovador e louco. Mas antes de pensar assim, faça uma pesquisa e veja no passado que há pessoas ainda mais interessantes e que com menos recursos visuais e técnicos tiravam leite de pedra.

Bem, depois da visita Sábado à Pinacoteca me sinto revigorado...

Ah e a propósito, voltarei lá para confererir a exposição do Andy Wahrol, alguém não deslumbrado se habilita?

quarta-feira, 14 de abril de 2010

VALORES INVERTIDOS

Esse post é uma análise minha com base texto do blog do Alysson Moutry que escreve para o G1, o portal de conteúdo da Globo.

http://colunas.g1.com.br/espiral/

Agora que você leu é vez de expor os meus pontos:

Sim, vivemos ainda numa sociedade extremamente violenta e sexista. Ainda temos uma direita conservadora e reacionária que hoje é articulada e dita “inteligente” pois a mesma se maqueia com um discurso liberal. Essa classe está nos grandes veículos de comunicação e nos altos escalões do governo e do congresso. Ela tolera o uso da camisinha, questiona os valores católicos e judaicos e até aceita que o sexo é também para o prazer do casal. Mas é extreamente intolerante com os homossexuais, com os transgêneros e dogmática no que diz respeito à questão das drogas (como se álcool e cigarro não fossem, enfim isso é pra depois).

Nossa cultura jovem tem vários exemplos de “rebolations”, cantoras adolescentes que assumem que já beijaram garotas e dancinhas de pouca roupa ou quase nenhuma. E seguem os recalques: machismo, homofobia e até racismo quando toda essa juventude deixa os clubes noturnos e vai embora para casa nos ônibus e trens quando se depara com aquilo que julgam diferente.

Como demonstração desse pensamento na maioria das vezes o que se segue é um comportamento violento como reação ou como forma de julgar moralmente e expresso em olhares de reprovação, xingamentos e até violência física.

Essas pesquisas certamente não levaram muito em consideração fatores locais e as diversas culturas desse planeta.

Creio ser importante comparar com as sociedades nórdicas.

Lá a pornografia é ofertada com facilidade podendo ser encontrada nos lares sem o pudor que temos aqui.

No entanto, a relação entre violência e pornografia, descrita nas pesquisas é válida. Creio realmente uma sociedade permissiva (não leia-se incentivadora) propicia à pessoa chegar ao auto-conhecimento do seu prazer. Toda a questão da violência tem um fundo de recalque, pois ela é derivada de algum inconformismo à alguma quetão interior e íntima sempre ligada à alguma privação.

Essas sociedades mais permissivas no entanto encaram um outro fantasma: o da violência contra si mesmo. Nos países nórdicos a taxa de suicídio é altissima e muito maior que a de homicídios. Contrapondo o nosso país, os Estados Unidos (bons exemplos) que são menos liberais – aqui e lá as taxas de homicidios vão na via inversa.

O ponto chave é o equilíbrio que só será alcançado quando o ser humano poder se tocar (literal e verdadeiramente) sem amarras ou julgamento de pessoas infelizes consigo mesmas e passar a entender que questões como sexo e morte não devam ser temidas e sim discutidas.

Feita a minha análise, pare e pense: por que nós do lado de cá censuramos a pornografia ou a restringimos e liberamos então o conteúdo de violência podendo ser visto na classificação etária até por jovens de 12 anos? A classificação vista nas tvs por assinatura digitais comprova a observação acima.

Não é hora de virar a mesa?

A resposta é não, seria também uma forma de censura. E esta é a maior violência que qualquer ser humano pode sofrer.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Que tipo de humor você tem?

Sou muito desconfiado com os testes de personalidade na internet uma vez que eles são, em essência, muito manipuláveis e/ou óbvios.

Classificar as pessoas não é algo fácil, uma vez que cada um é único e possui características excepcionais. É aí que está o brilho das pessoas. Mas confesso que ontem depois de uma tremenda saia justa na aula de Tecnologia da Informação fiquei curioso em tentar decifrar o enigma sobre que tipo de humor eu possuo. Já ri das mais diversas situações e não achei necessariamente que fosse uma pessoa tão maldosa – no que diz respeito ao humor – quanto pareço aos outros.

Tentei uma ajudinha da internet e essa avaliação foi reveladora. Há dois testes e ambos me intrigaram. Eu recomendo começar por este, mais acima, uma vez que o mesmo é mais simples. Em menos de 10 perguntas você já sabe mais ou menos como você interage de maneira humorada com as pessoas.

O interessante entre amos é que são de fontes de informação distinas. Um é destinado ao público feminino – mas que pode ser usado por homens – e o outro é lido em sua maioria por homens, mas também mulheres ditos bem informados, não gosto da revista Veja, mas enfim. Este último porém, citou quem o elaborou.

Então seguindo a ordem dos testes, comece por este:

http://delas.ig.com.br/materias/335001-335500/335437/335437_1.html

E meu o resultado foi:

Humor Sarcástico

Você tem prazer de tirar um barato da cara alheia, e faz isso com um toque irônico, quase sádico. Tira da realidade as melhores sacadas e faz disso a sua assinatura. Tem gente que se ressente com as suas “piadinhas”, mas quem liga? Você que não!


E o segundo teste:

http://veja.abril.com.br/idade/testes/humor.html

Cujo resultado foi:

Corrosivo: 22
Agregador: 11
Autodepreciativo: 9
De bem com a vida: 10


E a média foi: 13

Que quer dizer que...
“Seu humor predominante se manifesta só em algumas situações”

É rir para chorar...

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Alagados

Não é de hoje que a face da cidade grande se mostra revelando aos alienados – por escolha ou não – seu lado mais obscuro e o seu flerte com a desgraça do crescimento desordenado e sem planejamento.

Estamos nesses dois últimos dias presenciando uma tragédia que não é recente na nossa memória e que traz à tona diversas discussões que só levam a reflexão e pouca ação. Onde estaríamos errando para que esse tipo de catástrofe noticiada exaustivamente pela mídia continue a acontecer?

http://f.i.bol.com.br/imagensdodia/fotos/20100406-rio-chuvas_f_071.jpg?time=1270658830178

O meu ponto aqui será no papel da mídia e de que forma ela conduz às autoridades ao julgamento moral, movido pela revolta daqueles que perderam muito mais do que uma televisão ou que tentaram salvar um fogão no pé do morro prestes a desabar.

“Vitimizar” uma parcela da população e culpar outra seria mesmo o ponto para encontrarmos uma explicação para uma conta que não fecha? Não. Encontrar um denominador comum demanda muito mais do que uma cobertura massiva da mídia e a sua disputa por cada notícia que aumente o número de acesso ao site dos veículos de comunicação de massa e pontos a mais no ibope.

É lastimável que mais uma vez a população seja posta no posto de bonzinha e vítima e o governo como culpado. Novamente os veículos de comunicação perdem uma excelente oportunidade de noticiar e expor as causas profundas da tragédia que caiu dos céus fluminenses nesta segunda-feira. Não é de se negar o fato de existir um fator climático e um temporal atípico e somado à uma geografia que explica boa parte da problemática. Mas a população também colabora para aumentar ainda mais a dimensão da tragédia e o governo a colocar a cereja do bolo através da omissão de governantes incompetentes e demagogos.

Toda árvore tem a sua raiz e essa todo mundo pisa nela para fazer xixi mas ninguém olha para o seu todo a menos que caia um galho em sua cabeça. Não acho errado o governo colocar a população como parte do problema e mostrar a todos que ela é parte da solução. Detesto o discurso vazio motivado por um sentimento de revolta rementendo a cheiro de pneus queimados e o do espetáculo de uma mídia que vai induzir o povo novamente a jogar pelo ralo uma boa oportunidade de continuar lembrando daqui há uma semana que isso é um fato.

Fatos se tornam reais quando novamente enxergamos os bueiros entupidos de lixo e pessoas desesperadas perdendo tudo.

Numa cidade em que o sentimento de revolta beira à duvida sobre o futuro, a verdade evapora e a certeza é que a mesma vai (se) precipitar novamente. Seremos avisados?

Haverá espaço nos nossos bueiros para escoar tantas culpas sujas ou para escorrer uma água que nos reflete nosso orgulho e responsabilidade e lançá-la aos rios de janeiro e talvez de abril?

(...)

http://migre.me/uySE



Enquanto isso segue a Ana Maria Braga fazendo a sua "utilidade pública"

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Confiança

Estava eu às vesperas do feriado da Paixão de Cristo em minha casa quando chega um sms:

from 6642****
Vamos beber hoje? Pela Paulista e arredores!

O número não estava gravado em meu celular. Logo desconfiei que fosse alguém que estivesse usando um número de outra pessoa ou simplesmente posto outro chip que não havia me dado o número.

Eu respondi
O meu celular não identificou seu número. Quem é?


from 6642****
É o O*****

Eu, em seguida
Não estou bem hj

from 6642****
Entao descobriu quem é e desistiu?

Eu
Eu confio nas pessoas. Se é o que você está me dizendo, logo...

Fantasmas do passado...

Ok, children, Let´s play dirty!

Amar é

- fazer parte de comunidades no orkut do tipo “sua inveja faz a minha fama”, “odeio acordar cedo”, “adoro fim de semana”, “odeio cagar fora de casa”,
- postar o dia inteiro no twitter usando mais de 20 vezes as expressões “da hora”, “véio”, “mano”, “fodaaaaaaaaa”, “que se foda”,
- achar a Pitty o máximo da atitude e a Lady GaGa o auge da modernindade,
- falar mal de emo e ouvir NX Zero dizendo que é punk,
- dizer-se gótico e estar com toda a saga do Crepúsculo em casa,
- estar em comunidades “odeio pagode, axé e funk” e prestigiar momentos românticos com o(a) namorado(a) nas praças de alimentação de shopping ao som de cantores com repertório cover de Ana Carolina, e derivados,
- comprar Blockbusters piratas em banquinhas de camelô,
- tecer comentários homofóbicos e possuir apenas uma única musica do Legião Urbana, Smiths ou Queen no seu “ipobre”,
- dançar “Rebolation” mostrando toda a sua masculinidade (sic),
- se acabar numa pista com remix de Mariah Carey, Whitney Houston e Pussycat Dolls chamando o som de “técnico” ou “tecno”,
- ir pegar mulher nas “Pirigóticas”,
- pegar mulher baranga e burra se achando o comedor e terminar sua vida casado com uma Amélia e que só é Amélia porque junto com o seu esposo só é assim porque não quis estudar,
- escrever em miguxês,
- frequentar templos religiosos pra pegar mulher (desde quando meu sexo oposto é objeto?) e contradizer todos os seus ensinamentos teológicos e espirituais,
- aplaudir o oba oba, o bacanal e achar que é privilégio da heterossexualidade,
- ser homossexual miscógeno,
- comprar para os seus filhos dvd do High School Musical e achar que seus filhos não vão expiar putaria virtual na internet,

Enfim, depois de tantas demonstrações de afeto, a máxima:

“O Amor é cafona”

Feliz páscoa e muitos ovos na cara! Porque vergonha saiu de moda há muito tempo...

terça-feira, 30 de março de 2010

O ignorante

Sei
Que nada sei
Mas eu quero saber
Não tenho raiva de quem não sabe
Só de quem não quer saber

quinta-feira, 25 de março de 2010

Desejos

Quero e muito:

- Pagar meus débitos e sair finalmente do vermelho,
- Conseguir juntar uma grana e fazer uma visita ao velho continente. Quem sabe aproveitar e estudar,
- Dizer a alguns colegas de faculdade como são inteligentes e pedir para que parem de se sabotar,
- Dizer a outros "saia dessa vida, o que você tá fazendo no curso de rádio e tv se para se comunicar você diz menos que uma ameba, basta olhar no seu orkut ou twitter",
- Ver de volta na tv o comercial da Devassa só pra ver o circo moralista pegando fogo e gente hipócrita achando o máximo da liberação sexual a Paris Hilton rebolando,
- Pegar um certificado TOEFL,
- Ver de volta ao Brasil meus amigos que estão fora,
- Voltar a dormir 8h por dia, durmo quase mas não é a mesma coisa,
- Retomar antigos projetos, no entanto ter também tempo para conciliá-los,
- Dizer a alguém "não te quero mais",
- Ver o outro pagando e tropeçando nos próprios erros, isso para que veja que se expor demais é um risco que só os sábios sabem correr,
- Que chegue o dia das eleições para que eu possa brincar de apertar botão na urna,
- Ter o mesmo teor de acidez de Dr. Gregory House, eu bem que me esforço,
- Terminar por aqui, já escrevi demais, o povo do twitter nem vai ler esse post mesmo...

segunda-feira, 22 de março de 2010

Elas fazem notícia e são incompreendidas

Segua agora um exemplo hilário do que não se fazer no jornalismo.


E agora a sábia análise de Arnaldo Jabor sobre elas:


Dito isso, vai a minha análise:
Já fui muito crítico em relação às travestis e a quem as procura. Há um caso de uma travesti que é atriz pornô e namorada de uma mulher (!). As pessoas não conseguem entender o motivo porque uma relação como essa dá certo. Se eu for simplista e tentar explicar de uma forma bem didática acho que o exemplo fica fácil de se entender. Pra isso, é necessário deixar claro que há dois componentes essenciais ligados à sexualidade humana: Idendidade de Gênero e Sexo.

Identidade de gênero é qual idendidade sexual que você assume, indiferente de sua orientação sexual. Não leia-se opção sexual porque não é uma escolha que fazemos.

Sexo é a parte anatômica, que órgão genital seu corpo carrega.

Nesse caso a travesti Gabriela tem uma identidade de gênero feminina pois se identifica como mulher, mas é homem quando o assunto é sexo. Porém, sua orientação sexual é bissexual. Logo ela sai tanto com homens quanto com mulheres. Sua namorada, no entanto é mulher tanto no sexo quanto na identidade de gênero quanto no sexo e sua orienção sexual é homossexual. Ela no entanto encontrou em Gabriela o que não encontra em outras mulheres: o pênis para ser penetrada. Simples! E uma completa a outra!

Nossa sociedade preconceitousa e machista complica o que deveria ser tão simples!

Mas falando em tolerância, eu sou mais tolerante com as travestis e consigo entender seus motivos. O resto, acho que o Jabor falou por mim.

quarta-feira, 17 de março de 2010

Avatar e minhas impressões

Era só colocar o óculos 3D e esperar os longos trailers acabarem para o meu olhar desconfiado – até demais – poder fazer uma análise sobre o filme mais comentado do ano. Muitos falando bem. Torci o nariz por se tratar de pessoas que colocam Avatar ao lado de filmes catástrofe como “O dia depois de amanhã” e outros blockbusters de gosto pra lá de duvidoso. Mas vamos lá...

Quebrar pré-conceitos é estar de olhos bem abertos para as novidades. Até então nunca havia tido uma experiência em três dimensões antes. O filme "sci-fi" começa e aos poucos os personagens são apresentados.

A trilha sonora e os efeitos especiais ganham de muitas produções do gênero.

O diretor deixa bem claro que veio para fazer história no cinema. Claro que com Piranhas II no curriculo, ele jamais poderia se orgulhar. Mas não se esqueçam que Cameron tem também Alien e True Lies na sua ficha técnica.

A união entre dois mundos, o do que é virtual e imaginário e o real são o propósito do filme que inclui uma mensagem ecológica. Camaron, é claro teve que recorrer a diversos clichês do cinema americano para poder colocar esse filme na lista dos que mais rendeu bilheteria na história da sétima arte. Toda a mensagem do filme é direta e o bem e o mal estão lá, assim como a mocinha que na batalha se ferra toda e dá trabalho para o mocinho que tem que ir lá salvá-la. Óbvio que endossado por um discurso anti-guerra, com o contexto do atual aquecimento do planeta, a inserção do contexto videoblog usado pelo soldado que é o personagem principal da trama e também com uma produção cheia de efeitos tanto sonoros quanto visuais, ele nem precisaria de tanto para poder chamar atenção do grande público e dividir a crítica. Ele fez o seu marketing misturando talento com o momento atual que vivemos.

“Avatar” talvez nem seria tudo isso se fosse lançado antes de se falar em aquecimento global, guerra no oriente médio e até do Presidente George W. Bush. Toda a crítica ao modelo americano de governar e de cuidar das questões do planeta não valeria de nada se o momento atual não fosse o de contestação ao imperialismo americano à todo custo. Ele não fez sua crítica de forma sutil e não se preocupou em fazê-la.

Que os defensores do filme não me critiquem, consigo enxergar sem precisar de nenhum óculos as qualidades de uma produção que vai estabelecer um marco no cinema americano. Deixo, porém, clara a minha expressão de espanto com um filme soberbo, fantástico, ainda que de uma forma muito didática – até por demais – leva o seu espectador a viajar muito além de Pandora. Quem é um pouco mais informado e vê é transportado de volta a realidade e consegue identificar em seus personagens, seus avatáres correspondentes fora da telona.
E isso já me serve de álibe perante a uma unimidade – no caso o público – que por vezes considero “burro” (Madonna já disse isso uma vez) mas que de forma alguma deva ser subestimada.

Sem mais posso agora tirar meus óculos e viver a realidade, ou de tão absurda seria ela uma grande ficção?

quinta-feira, 11 de março de 2010

(dis)funcional

O analfabestimo funcional é uma realidade de que a grande maioria do povo faz parte, mesmo que por sua causa não saiba; estamos à beira de um colapso cultural às preliminares de um século que mal acabou de se inciar e com uma onda de desenvolvimento (salvo a crise dos mercados internacionais) que traz à tona o Pré-sal, a Copa do Mundo e as Olimpiadas do Rio de Janeiro.

Há duas semanas na aula de realidades brasileiras, a professora pediu aos alunos para fazer uma leitura em voz alta. Cada universitário lia uma parte do texto e entre um parágrafo e outro, eram nos introduzido a critica social tanto da mestre quanto a dos seus aprendizes.

Analfabestimo funcional entende-se como a incapacidade de fazer cálculos matemáticos básicos e de ler e interpretar textos. Nesse conceito, pude ter uma amostragem comprovando um dado científico divulgado pelo IBOBE em 2005, do qual era exposto um percentual de 68% da população como analfabetos funcionais (capazes de decodificar letras e palavras, mas de não entendê-las num conceito e postas de forma organizada num texto).

O que me causa mais espanto, ainda que eu tenha sido rebelde por um bom tempo em consumir literatura e leitura de boa qualidade é como os colegas pareciam não entender nada do que estava no texto e com uma leitura que ora cortava pequenas palavras e quando não, invertia acentos e ignorava a acentuação básica da lingua Portuguesa.

Se dominar informação é poder básico de qual qualquer ser humano pode se escapar de dominação dos meios de comunicação de massa - e dos grupos que os manipulam - fico imaginando como será entrar numa empresa de comunicação para essas pessoas. Estamos criando marionetes, macacos ou até mesmo papagaios replicando informações banais, e cada vez mais estas numa era em que o principal canal da internet só permite 140 caracteres.

Conhecimento é poder e deste grande parte não possui nem a consciência de ser dono do próprio poder e que a sua formação é o alicerce para poder escolher o que é bom ou não para si.

Não me sinto mais velho, tão pouco mais inteligente que os meus colegas. Investi porque sempre achei vergonhoso não dominar o mínimo possível da minha língua, antes até de estudar um idioma estrangeiro.

O que mais me chocou no entanto é o menosprezo de alguns pela matéria que discute temas importantes da nossa realidade política e econômica e os celeumas causados pelos anos de baixa educação e de planos fracassados de governantes corruptos -e que estes sim, à sua maneira são inteligentes e tem plena consciência de que sua comunicação transforma (?). Nessa terra, porém, para o trauma do qual o nosso povo ainda não consegue ressurgir, informação vale ouro. Só está esta mergulhada num mar de "kkkk" "axim" criando e propagando o "axismo" do senso comum e os preconceitos que eu ouvia quando eu era criança.

Há um mercado lá fora que espera por profissionais de conteúdo e não conformado com a cessão a sua liberdade de expressão e em oposição à este do outro lado uma bancada de uma dita e dura direita não assumida e de evangélicos conservadores nos podando de dizer e esclarecer.

Tenho consciência da minha função dentro de uma universidade e de que posso contribuir para que esse quadro vergonhoso seja no futuro apenas uma mera lembrança neste nosso Brasil, atualmente um museu cheio de grandes novidades e com bem mais do que 140 caracteres para percorrer a fim de mostrar a sua cara!

Se conseguiu ler esse texto, que ainda que pequeno e compreender, sinta-se salvo de uma triste estatística.

Afinal quero marcar meu nome com letras grandes e não apenas ser número para engordar uma triste estatística e o bolso de quem acha que me manipula...

quarta-feira, 10 de março de 2010

Evite!

Coisas que eu devo definitivamente evitar:

- Comer comida muito gordurosa, tenho feito mas é dificil,
- Internet à noite, pois atrapalha o meu sono e faz-me dormir muito tarde,
- Estressar-me com coisas pequenas,
- Sair tarde de casa pra ir ao trabalho,
- Falar demais. Acho que é bom ser mais ouvinte e prestar mais atenção no que os outros tem a dizer
- Falando em ouvir, evitar também pessoas que se depreciam: "Sou vagabundo, você sabe disso" dói e muito. Ainda mais quando vem de alguém que se tinha tanto apreço (tinha, que fique bem claro),
- Colocar a minha impulsividade a prova,
- Ser critico demais,
- Levar-me a sério demais,
- Pessoas que não sabem o que querem de suas vidas. Embora eu saiba o que quero para a minha, a indecisão também contamina. Mais até do que mau humor,
- Viado machista (É o fim!) e a sua face oposta a lésbica feminista,
- Senso comum e pessoas que o propagam sem interesse em buscar embasamento para discordar ou não com ele,
- Meus pré-conceitos, usado tanto para os juizo de valores, quaisquer que sejam,
- Falar durante as aulas de teoria da comunicação, ainda que o professor deva no minimo preparar suas aulas

domingo, 7 de março de 2010

Primeira postagem - Dia da Mulher

Quero já começar este novo blog, parabenizando o Dia Internacional da Mulher.

Que possamos olhar para estas com um pouco mais de generosidade. Hoje é um bom momento para começar. Dia em que a diretora de "Guerra ao Terror" faz história na academia de cinema norte-americana. Ainda não assisti ao seu longa.

Este espaço será também para colocar minha crítica à sociedade, ao cinema, à musica e a cultura de uma forma geral.

Poderei expor nele minhas impressões, minha crítica ferrenha à comportamentos uós e também uma plataforma para outros espaços que eu possuo na internet.

Aperte o cinto, pois conhecer um capricorniano, com ascendente aquário e lua em áries pode ser uma viagem maravilhosa, mas também pode ser uma surpresa, as vezes não tão boa, principalmente quando me julgam pela minha aparencia até então "angelical", o que muitos dizem que tenho.