terça-feira, 20 de julho de 2010

Indiferente?



Quebra-se a rotina matinal e aquele café da manhã com gosto de receita de bolo, entrevista com atores esbanjando saúde – e dinheiro – nos trazem um mundo imaginário e de que poucos fazem parte. O excesso de alienação da realidade nos incomoda e vem o porque da televisão ser vista como um mundo de ilusões e daquilo que consideramos ideal. Dá-me nojo essa idéia utópica almejada por nós que passaremos o resto de nossas vidas a trabalhar para Ter uma vida digna e com uma condição financeira muitas vezes abaixo do satisfatório.
Novamente essa inversão de valores é algo que me faz questionar essa brasilidade. E aí vem o papel de um comunicador. Até mais vezes seria mais do que permitido que Ana Maria Braga pudesse nos trazer e levar da realidade para o mundo maravilhoso da vida boa e saudável.

Não espero que ela seja profunda na questão, ainda mais além da dor do pai desse menino vítima do que negamos existir ou pelo menos recorremos aos veículos de comunicação afim de sair do chão e viver na terra da fantasia.

Envergonha-me pessoas escrevendo para o programa dela achando ruim a iniciativa de dar voz a um pai desesperado e indignado com tamanha violência. Se estas encaram como o sonho interrompido pelo pesadelo de outrém, que se armem até os dentes, tranquem-se nos seus quartos decorados por aquele designer italiano, coloquem cameras em todos os cantos da casa porque só assim conseguirão – a um custo mais caro do que muito de seus luxos – manter-se alienados e longe da realidade cruel das grandes cidades.

Feliz mesmo como comunicador eu só serei o dia, quando no auge da minha realização profissional eu não tiver mais que abrir o espaço para indignações como esta.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Holofotes

Enquanto o povo pensa em futebol...

Ministro do STF suspende lei Ficha Limpa para deputada de Goiás --13h51 02/07/2010


Novamente esse País é lesado. Fico hoje com a imagem de uma torcedora da seleção chorando no onibus ao longo do percurso que faço diariamente até o meu local de trabalho. Permaneci na minha tranquilidade pensando no poder de fascínio que o futebol tem no povo. Mas será que esse mesmo povo tem a noção de quão mais importante é o poder que tem através do seu voto e do seu direito de escolha dos seus representantes? Bem diferente do jogo de cartas marcadas da escalação da seleção brasileira de futebol, o povo tem o direito de dizer quem quer e quem não quer em seu comando.

Novamente prevalece o equilibrio de uma seleção com estabilidade emocional que dominou a favorita naquela partida. Brasil tem ainda muito que aprender como povo e como nação.

Andamos com emoções inversas, com valores inversos e as contradições desse País não se restringem ao morro do lado das casas de luxo. Sinto-me fora da grande maioria, quando na verdade esse tipo de notícia acima é o que realmente me entristece: quando alguns poucos “privilegiados” – no pior sentido da expressão – se julgam no direito de passar por cima das leis que são bem claras. Quando será que entenderemos que durante um mês os holofotes não precisam estar todos apontados para uma mesma direção?

Diariamente falo com meu amigo australiano Jason e vejo-o tocando sua vida, comprando sua casa, vivendo num país que dá condições menos injustas – não acredito em nenhum lugar como paraíso aqui na Terra – e tendo um padrão de vida condizente com seus desejos. Algo que eu terei que ralar muito nesse Brasil se eu não tiver os privilégios de que falei acima.

Saí de casa de cabeça erguida, sabendo que o meu valor não é reflexo do mérito de outrém. Ouvi sossegado a minha música e continuo sim imaginando esse Brasil como um lugar melhor para as pessoas. Não preciso me posicionar nas eleições para poder ter direitos de cidadão pois isso não me ausenta de continuar pagando os meus impostos. Acredito sim ter a minha consciencia no lugar.

Repito e friso: os holofotes, em quem eles estarão apontados? Em Dunga, no Julio César sendo estes tão brasileiros como nós ou naqueles que se curvam pelas brechas e privilégios imoralizando esta pátria que é sempre tão gentil?

Que saibamos agradecer ao esforço e garra de uns e cobrar de outros algo para nos orgulhar da mesma forma como não canto que sou brasileiro, nem com muito orgulho nem com muito amor, por saber que está dentro do meu sangue o sentimento de Pátria e nação.