segunda-feira, 21 de março de 2011

Dicas Bafo: o dinheiro é nosso!

O grande assunto no mundo do entretenimento dos últimos dias foi o caso da cantora Maria Bethânia. Autora de um projeto sobre poesia, a cantora quer também pode incluir sua empreitada nos termos da lei Rouanet.

A grande questão que divide as opiniões é se a cantora pode utilizar da lei para conseguir montar um blog com vídeos e assuntos de poesia. Pesando a questão e avaliando-a como estudante de comunicação, não posso ficar indiferente em levantar as seguintes questões:

- Uma artista já consagrada precisaria mesmo de incentivos fiscais e o patrocínio de outras empresas para financiar um projeto que é certo o seu sucesso, tanto no meio “internético” quanto no midiático – num âmbito geral?
- Levar esse conteúdo as ferramentas já existentes já não a seria suficiente para garantir o retorno de audiência e este mais do que necessário para incentivar outros autores anônimos a usar as mesmas ferramentas para colocar nesses meios “alternativos” suas poesias, textos, pensamentos...?

Assim como a Lei Rouanet, a internet, os blogs (Blogger, que é grátis, por exemplo) não estão aí ao alcance de todos?

Do princípio do direito, Bethânia, como qualquer cidadão poderia usufruir dos benefícios da lei. Se é correto, aos olhos dela não havendo irregularidades, não haveria problema algum.

É necessário? É aí que está o problema e muitas empresas dispostas a pegar rabeira na fama da cantora poderão se beneficiar de um projeto que é certo seu sucesso.

Nesse ponto é que mora o perigo de uma lei que serve para benefício de todos se transformar em privilégio.
Seria extremamente respeitoso, por parte de Bethânia e das empresas, que resguardem-se do uso dessa lei Rouanet e fazerem uso de outras ferramentas gratuitas no meio da internet para veiculação desse conteúdo.

O Brasil é um país democrático. Pois bem. Entretanto, esses princípios devem respeitados dentro de uma ética para não esculhambar de forma privilegiada um direito que deve ser de todos.

Fica a DICA BAFO com rima para a Bethânia: Vai postar poesia em outra freguesia!

sábado, 19 de março de 2011

Adaptação

adaptação s. f.
derivação fem. sing. de adaptar


adaptação
s. f.
Acto! de adaptar.

adaptar
v. tr.
1. Tornar apto.
2. Fazer com que uma coisa se combine convenientemente com outra; acomodar, apropriar. ≠ INADAPTAR
__________

Primeiro você precisa de uma história. Que sejam quatro anos, seja oito meses ou apenas quatro. Os personagens não serão os mesmos, embora o protagonista esteja em constante adaptação. Do meio, do espaço e do tempo.

O suporte físico do outro também não é mais o mesmo. O que fez com que o protagonista desta adaptação mudasse sua linguagem.

A comunicação agora se é por signos opostos e para que o imaginário seduzisse o novo antagonista ao universo do mais amadurecido, não precisou muito.

A história se passa em outro lugar, sem mais aquele calor de verão e o mar para soprar seus ouvidos. O não verbal agora sopra baixinho naquela cama do primeiro e do segundo ato. E ainda no terceiro, no quarto (espaço).

O passado não adapta mais o seu discurso cheio de moral e ética esquerdista ao protagonista que quer somente compartilhar uma história que pode parecer boba, que seja. Este segundo – que domina muito bem os códigos do primeiro – só quer pelo não verbal já decifrar o enredo e nele se deitar como um mestre dos palcos que desnudo se entrega totalmente a sua platéia. Todo bom ator, durante sua adaptação do texto para o corpo sabe que mesmo com as cadeiras ocupadas ou apenas um ou dois a aplaudir, será apenas o sentido de unidade que fará o sucesso do espetáculo. É apenas um que importa.

Nesse um, cabe apenas um gesto simples, ele é capaz de entender e adaptar o olhar em seu suporte físico. Entre eles, a mesma linguagem.

Na colcha de retalhos que os envolve naquele enredo, a metalinguagem faz a tradução do suporte físico em si mesmo.

A conversa ultrapassa o inter-semiótico e o intermidiático de universos distantes os aproxima.

Se eu puder adaptar em livro, foto, imagem ou som, nenhum suporte seria bom o suficiente para traduzir os meus pensamentos, que guiados pela imagem e pelo tato, refletem-se no mais incompreendido dos suportes. Aquele que pulsa! Ah, que ciência, que nada! E a voz? Ela fala mansa e tranqüila, no ritmo e velocidade que o meu corpo entende.

É uma história de adaptação do protagonista ao novo. O novo meio que também é mensagem.

E quem se adapta ao meio, sobrevive aos fins.