
:: Antonio Nascimento ::
Egolatria fede
segunda-feira, 9 de abril de 2012
Obrigado mais uma vez

terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Sem futuro.
DONNIE DARKO – 2001
Não é mais um terror teen americano. Não se nos prendermos aos clichês que nos levam a categorizar um filme como tal. O diretor Richard Kelly foi impressionante ao ilustrar um jovem conflituoso consigo mesmo e com a sociedade em sua volta em vez de simplesmente contar uma história de terror.
O filme trata do jovem Donnie, interpretado por Jake Gyllenhal e que é perturbado por um coelho gigante que o incentiva a promover assassinatos. Conturbado com as aparições deste coelho e de como a sociedade lidou com o seu problema, Darko tenta buscar explicações indo a uma analista, que com sua mente estreita, só obtém dele mais incitação dos impulsos como resultado da terapia ineficaz. Além disso, o rapaz tem os dons de prever acontecimentos futuros e com mais inquietações a cabeça dele fica cada vez mais confusa. Naquela pacata cidade, só a professora vivida por Drew Barrymore, tinha a compreensão para os alunos da sala de Donnie, também perdidos no tiroteio da moral versus liberdade. As premonições de Donnie refletem o quão terrível seria poder prever o próprio futuro e ampliam certamente a nossa incapacidade perante a ele.
Sem sombra de dúvidas Jake Gyllenhal está estupendo em sua atuação e ela exigiu uma carga dramática para os momentos mais tristes do seu personagem e na grande ironia, tanto despejada sobre os outros habitantes durante uma apresentação de um palestrante banana quanto nos valores estreitos e hipócritas o envolvendo naquela cidade atrasada mentalmente. E uma das professoras foi a tradução dessa falsa moral, que julga a mensagem como causa e efeito direto e responsável pelo o que propaga, sem levar em conta a interação do receptor com ela. Sim, Kelly questionou a teoria funcionalista da Escola de Chicago e a década de 80 não deve ter sido uma escolha aleatória.
Para transportar sua trama estes anos, o diretor caracterizou seus personagens como se fossem daquelas séries sobre famílias americanas felizes, mas com algum problema de convivência. A trilha sonora embala a introspecção da personagem principal e as letras cheias de psicologia do Tears For Fears caem como uma luva para a viagem dele.
Pelo excelente trabalho de Richard Kelly restam dúvidas se ele tentou contar uma história com elementos aparente desconexos sob a ótica do terror ou se o mesmo quis que a juventude dos começo dos anos 2000 repensasse suas problemáticas. Talvez tenha sido nessa ambigüidade que Donnie Darko tenha amargado uma fraca bilheteria nos EUA, ainda que esta não ofusque o brilho e a gigante interpretação de Jake e do roteiro do seu diretor.
A grande ironia da película é de não haver na realidade apenas duas possibilidades enxergadas, tal como as que limitam a ação das outras personagens no tempo e no espaço. E na metáfora de que é tudo uma questão de tempo. Tentar explicar a sua ação imutável, nos reduziria ao simplismo, à mente limítrofe e intolerante com a ciência e com a razão para com a sensibilidade não só de Donnie, mas de sua professora e de todos que se tocaram em algum momento diante de um personagem complexo e tão atual.
segunda-feira, 12 de dezembro de 2011
Old School Terror?

Insidious – James Wan
Do mesmo produtor de Atividade Paranormal, Orean Peli e James Wan lançam mais um filme de terror dialogando com outros clássicos do gênero em fusão com películas mais recentes.
A história gira em torno de um dos filhos do casal Josh (Patrick Wilson) e Renai (Rose Byrne) que recém-mudados para uma residência, ficam em desespero com o coma do menino e por este não conseguir acordar do sono profundo. Não bastasse a situação, os pais ainda encontram sinais de assombração, motivando-os a deixar o lugar e ir para outra casa. No final das contas o que está amaldiçoado é o menino e não o imóvel, fazendo com que Josh e Renai tentem buscar uma saída para o pesadelo através do transporte do marido ao mundo inconsciente.
Com a narrativa dramática clássica em três atos e uma pitada de humor altamente dispensável de dois nerds que aparecem na trama, “Insidious” perde a chance de figurar como a linha tênue entre o terror que fez escola de “Exorcista” e “Poltergheist” e os trabalhos anteriores do realizador no cinema americano como “Jogos Mortais” e “Atividade Paranormal”. Bem como disse, os nerds são personagens que expoem a película ao ridículo e destoando completamente de todo o resto da história. Bastaria um trabalho melhor de caracterização destes dois personagens que “Insidious” não perderia seu fôlego. Outro ponto em que a película pecou foi no desenvolvimento do enredo em que o diretor poderia ter explorado mais o suspense dos personagens principais até levá-los a decisão de trocar de casa. Aliás, a conclusão de que é o menino e não o lugar o ponto assombrado deveria ficar subentendida no trailer, o que aumentaria o suspense e teria sido um marketing positivo por enriquecer a história, saindo do clichê das casas mal assombradas.
O primeiro ato, no entanto, mostrou a grande habilidade de Wan em deixar o expectador conhecer e muito bem seus personagens com diálogos muito bem estruturados. Os planos de cena bem construídos expuseram de forma visual um ambiente soturno e grande demais para a família favorecendo a movimentação dos personagens no espaço, consequentemente ampliando a tensão.
Entretanto, a composição das trilhas sonoras - muito bem escolhida foi um dos pontos mais altos da película, remetendo ao terror dos mais assustadores filmes clássicos.
O destaque também para a introdução com imagens em preto e branco que exploraram todo o potencial de Wan para continuar no gênero.
Pra finalizar, o roteiro leva a pensar no nosso inconsciente, sendo este justamente a nossa prisão e contrariando a psicanálise do id para onde nossos desejos secretos são levados. Alias a hipnose também está inserida no filme. Mesmo em discordância sobre essa prisão dos desejos expostas pelo realizador e o nosso alcance racional a eles pelo inconsciente, a metáfora de Wan foi interessante em um contexto do cinema de terror americano guiado pelo psicológico e não mais por histórias de bruxas, demônios e fantasmas. Em “Insidious” os demônios estão lá, só que a alcance dos nossos desejos e suas representações pela imagem do filme, pela profundidade abordada pelo diretor, chega a serem quase metafóricas. James Wan precisa somente acompanhar os desejos do expectador, quem sabe neles, encontre outros “demônios” que realmente nos dêem medo de ver quando se apagam as luzes.
sábado, 24 de setembro de 2011
Se o assunto drogas fosse brincadeira...
