segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Old School Terror?


Insidious – James Wan

Do mesmo produtor de Atividade Paranormal, Orean Peli e James Wan lançam mais um filme de terror dialogando com outros clássicos do gênero em fusão com películas mais recentes.

A história gira em torno de um dos filhos do casal Josh (Patrick Wilson) e Renai (Rose Byrne) que recém-mudados para uma residência, ficam em desespero com o coma do menino e por este não conseguir acordar do sono profundo. Não bastasse a situação, os pais ainda encontram sinais de assombração, motivando-os a deixar o lugar e ir para outra casa. No final das contas o que está amaldiçoado é o menino e não o imóvel, fazendo com que Josh e Renai tentem buscar uma saída para o pesadelo através do transporte do marido ao mundo inconsciente.

Com a narrativa dramática clássica em três atos e uma pitada de humor altamente dispensável de dois nerds que aparecem na trama, “Insidious” perde a chance de figurar como a linha tênue entre o terror que fez escola de “Exorcista” e “Poltergheist” e os trabalhos anteriores do realizador no cinema americano como “Jogos Mortais” e “Atividade Paranormal”. Bem como disse, os nerds são personagens que expoem a película ao ridículo e destoando completamente de todo o resto da história. Bastaria um trabalho melhor de caracterização destes dois personagens que “Insidious” não perderia seu fôlego. Outro ponto em que a película pecou foi no desenvolvimento do enredo em que o diretor poderia ter explorado mais o suspense dos personagens principais até levá-los a decisão de trocar de casa. Aliás, a conclusão de que é o menino e não o lugar o ponto assombrado deveria ficar subentendida no trailer, o que aumentaria o suspense e teria sido um marketing positivo por enriquecer a história, saindo do clichê das casas mal assombradas.

O primeiro ato, no entanto, mostrou a grande habilidade de Wan em deixar o expectador conhecer e muito bem seus personagens com diálogos muito bem estruturados. Os planos de cena bem construídos expuseram de forma visual um ambiente soturno e grande demais para a família favorecendo a movimentação dos personagens no espaço, consequentemente ampliando a tensão.

Entretanto, a composição das trilhas sonoras - muito bem escolhida foi um dos pontos mais altos da película, remetendo ao terror dos mais assustadores filmes clássicos.

O destaque também para a introdução com imagens em preto e branco que exploraram todo o potencial de Wan para continuar no gênero.

Pra finalizar, o roteiro leva a pensar no nosso inconsciente, sendo este justamente a nossa prisão e contrariando a psicanálise do id para onde nossos desejos secretos são levados. Alias a hipnose também está inserida no filme. Mesmo em discordância sobre essa prisão dos desejos expostas pelo realizador e o nosso alcance racional a eles pelo inconsciente, a metáfora de Wan foi interessante em um contexto do cinema de terror americano guiado pelo psicológico e não mais por histórias de bruxas, demônios e fantasmas. Em “Insidious” os demônios estão lá, só que a alcance dos nossos desejos e suas representações pela imagem do filme, pela profundidade abordada pelo diretor, chega a serem quase metafóricas. James Wan precisa somente acompanhar os desejos do expectador, quem sabe neles, encontre outros “demônios” que realmente nos dêem medo de ver quando se apagam as luzes.

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