terça-feira, 4 de maio de 2010

Isso sim que é eficiência




A formula sempre se reinventa e se adapta ao momento atual:

Em video, Bispo da Universal ensina a arrecadar durante a crise - 13/04/2010

A minha análise:

Nessa sociedade em que o imperativo é o do gozo, o do prazer e que nela felicidade é uma obrigação do ser humano, há quem se aproveite dessa interpretação. A Igreja Universal é uma dessas convenções. Seus bispos, embora falem numa linguagem popular e de fácil assimilação dos seus fiéis, são profundos conhecedores de teorias da comunicação, sociologia e até de filosofia e teologia católica – vale lembrar que Universal é a tradução do latim de “Católica”.

Ontem, num estudo sobre um texto do Theodoro Adorno sobre comunicação de massa é que veio vários exemplos de justificação cínica dos comunicadores desse grande público e como estes se apoiam na liberdade de expressão e do princípio democrático para espalhar todo tipo de desgraça ou até mesmo se alimentar dela.

Interessante que para quem é fiel da IURD – só um dos exemplos, temos tantos outros – os seus líderes viraram sua principal referência. Seu exemplo de sucesso financeiro virou uma verdadeira obstinação. Agora a Universal tem uma nova: a de justificar sua própria roubalheira e seu uso do dinheiro obtido através de doações de pessoas muitas vezes endividadas e sem esperança, na justificativa de que o valor do dinheiro pode ser revertido em sucesso aqui na Terra. Tal mudança nos rumos da Igreja serve até para ilustrar como o mal uso da liberdade de expressão que ela tem necessita ser questionado; uma resultante de ações e processos movidos por entidades afro-brasileiras, espíritas e até católicas. A sair o discurso espiritual e a começar a entrada do material, o primeiro é somente um pano de fundo dependente do segundo.

Comunicação eficiente. Sua mensagem é recebida e interpretada conforme os objetivos dos seus pastores e sem direito a uma Segunda interpretação. O principio da teoria americana do funcionalismo está lá, Ipsis litteris. O exemplo mais óbvio de como transformar dor e sofrimento alheio em prazer próprio. “Você também pode ser feliz aqui na Terra” e segue imagens de carros importados, casas de luxo, iates, paisagens paradisíacas de lugares que não são o Brasil. E o mais cínico de se justificar com os erros de quem tenta desmascarar todos os desmandos de uma instituição aproveitadora, oportunista, cruel e que ainda zomba do sofrimento de quem a sustenta. Mais ainda eficiente por ser posta num altar e enxergada como divina e dogmática, acima do bem e do mal diante de quem está no sofrimento e nela encontrou sua última oportunidade de salvação.

A IURD não veio do acaso. Há todo um contexto social que desmistifica o aparecimento dela e do crescimento de tantas outras igualmente neo-petencostais posteriores à de Edir Macedo.

No momento em que liberdade de imprensa é discutida e a liberdade de expressão está novamente sendo ameaçada, a Igreja Universal cresce cada vez mais. Fica a evidência de comunicação perfeita sob sua eficiência e calar sua voz só aumenta e engorda cada vez mais a conta dos seus pastores, um fenômeno da ciências exatas aplicado em relações humanas e diretamente proporcional: quanto mais se critica a IURD, maior a ira dos seus fiéis e pastores e mais convicente se torna sua mensagem.
Teoria funcionalista aplicada a um movimento organizado contrapondo outros de lutas de direitos das minorias étnicas, sociais e sexuais que não convergem em um objetivo comum e único.

Será que para quem está do lado de fora só restará seguir o exemplo de comunicação de massa da Universal? Ficaremos a mercê de um embrião religioso que está se tornando político?

Só é possível uma crença virar engajamento quando o espiritual novamente se torna uma resultante do conforto material e aí está a diferença entre Ter fé e ser fanático, na mesma medida entre sentir amor e sentir paixão, e por aí vai.

Diante de tanto fanatismo, a máxima: pense antes de falar porque disparar a frase “quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra” a quem é sujo e diz que o outro é mal lavado não convence mais.

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